Chico Alencar diz que Lira atuará como “imperador do Parlamento”

Candidato à Presidência da Câmara, o deputado Chico Alencar (PSol-RJ) voltou a criticar, nesta segunda-feira (30/1), a hegemonia construída pelo deputado Arthur Lira (PP-AL) no comando da Casa. Lira é, hoje, o favorito ao pleito, tendo construído uma base sólida de apoio que inclui partidos de oposição e alinhados ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

Alencar afirmou, em entrevista à Globonews, que a reeleição de Lira será negativa para Lula, mesmo com o petista tendo declarado apoio ao atual presidente da Câmara. “Quanto mais votos o Lira tiver, pior para o governo Lula, para qualquer governo. Lira terá muito poder, ele vira uma espécie de copresidente, de imperador do Parlamento. Mas o PT tomou essa decisão de apoiá-lo”, disse.

O deputado defende que sua candidatura é de contraponto ao atual presidente da Casa. “Minha candidatura é para acolher as divergências da sociedade, diferentes opiniões, acabar com esse trator, esquema avassalador gerido por Lira, com histórico que tem de apoiar o antigo governo de maneira absoluta, de mudar regimento, de desrespeitar minorias, e de gerir o orçamento secreto cujos efeitos estão aí. Tem que ter o contraponto, pelo amor de Deus”, enfatizou.

“Serei um candidato de oposição de alto nível, no mundo das ideias, até para ajudar o Lula. Não serei um carimbador de tudo que o executivo quer, mas de jeito nenhum um legislativo chantageador e embarreirador. Chega de centrão no poder”, prosseguiu.

O deputado também criticou as benesses concedidas por Lira às vésperas da eleição para a Mesa Diretora da Câmara, que ocorrerá nesta quarta-feira (1º/2).

“Tenho boas relações pessoais com Lira, mas nossas ideias são diametralmente opostas. Ele tem feito almoço e jantar na Residência Oficial para fazer campanha. É notório, Lira não tem nem mais o pudor, a gente viu ele aumentar as benesses ou atributos acima da inflação na véspera das eleições”, explicou ao canal de notícias.

Lira mira votação recorde

Lira já é dado nos corredores da Câmara como o vencedor da disputa pela presidência. Graças à sua capacidade de articulação, o atual presidente e candidato à reeleição foi capaz de unir, em um único bloco de apoio, siglas opostas e adversárias, como PT e PL, além das bancadas do PP, PSD, MDB, PDT, PSDB, Cidadania, Solidariedade, Mais Brasil (fusão PTB e Patriota), Pros, PCdoB, PV, PSB e União Brasil.

Com essa composição, o deputado venceria com folga, obtendo mais do que os 257 necessários para vencer ainda em primeiro turno. Ciente do expressivo favoritismo, o parlamentar alagoano tem se movimentado nos últimos dias para ampliar o apoio e demover o risco de “traições” no dia da votação.

Recentemente, o presidente da Câmara avalizou uma série de regalias para os deputados, que incluem o aumento da cota parlamentar, de cargos para lideranças partidárias e do valor do auxílio moradia.