metropoles.com

Caixa define interinos para vagas dos quatro vices afastados

As portarias de nomeação serão assinadas pelo presidente do banco, Gilberto Occhi, ainda nesta quarta (17/1), e valem por 30 dias

atualizado

Compartilhar notícia

ELZA FIÚZA/ AGÊNCIA BRASIL
Gilberto Occhi
1 de 1 Gilberto Occhi - Foto: ELZA FIÚZA/ AGÊNCIA BRASIL

Foram anunciados pela Caixa Econômica Federal (CEF), nesta quarta-feira (17/1), quatro interinos para ocupar os cargos dos vice-presidentes da empresa afastados temporariamente pelo presidente da República, Michel Temer. De acordo com a portaria que o presidente da instituição financeira, Gilberto Occhi, assinará ainda hoje, “após os 30 dias, caso haja necessidade, as designações passam a ser de competência do Conselho de Administração do banco”.

Com o novo estatuto da CEF, previsto para entrar em vigor a partir desta sexta-feira (19), a atribuição de nomear e exonerar dirigentes passa a ser do Conselho de Administração. A Caixa ressaltou, em nota, que “possui uma governança estabelecida em critérios sólidos, como demonstrado amplamente nos resultados que a empresa vem alcançando nos últimos anos”.

De acordo com a portaria, o diretor de Banco Corporativo, Luiz Gustavo Silva Portela, ocupará a vaga do vice de Corporativo, Antônio Carlos Ferreira. O diretor de Fundos de Governo, Valter Gonçalves Nunes, exercerá as funções de Deusdina Pereira (Fundos de Governo e Loterias). O diretor de Clientes e Canais, Ademir Losekann, será o substituto de José Henrique Marques da Cruz (Clientes, Negócios e Transformação Digital); e o diretor de Serviços de Governo, Roberto Barros Barreto, substituirá Roberto Derziê de Sant Anna (Governo).

Na terça-feira (16), após recomendação do Banco Central (BC) e do alerta do Ministério Público Federal (MPF) sobre uma possível punição, o presidente Michel Temer determinou ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e ao presidente da Caixa Econômica Federal, Gilberto Occhi, que afastassem, por 15 dias, quatro vice-presidentes do banco investigados por corrupção. Depois da ordem de Temer, a CEF informou que afastaria os executivos para lhes dar a possibilidade de “apresentar ampla defesa das acusações”.

Os quatro vices são acusados de vazar para políticos informações privilegiadas sobre o andamento de pedidos de empréstimos e também de negociar cargos em uma estatal como moeda de troca para liberação de crédito.

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, afirmou nesta quarta-feira (17) que quaisquer solicitações feitas por ele a Roberto Derziê Sant’Anna, um dos vice-presidentes afastados da Caixa, “sempre estiveram no âmbito funcional”.

“O que eu li nos jornais é que eu teria feito solicitação ao vice-presidente Derziê. Eu sempre tive com ele uma relação de natureza funcional. Qualquer solicitação, pergunta, indagação sempre estiveram no âmbito funcional”, afirmou o ministro, após participar de visita às obras do Sistema Produtor de Água Corumbá, em Valparaíso (GO).

Derrota
Embora o afastamento dos quatro seja temporário, a decisão de Temer significa uma derrota na queda de braço que o governo vinha travando com os procuradores da força-tarefa da Operação Greenfield, responsáveis pela investigação sobre desvios na Caixa Econômica Federal. Em dezembro, eles recomendaram o afastamento dos 12 vice-presidentes do banco. Em resposta, a CEF disse que não cumpriria as recomendações, porque possui “um sistema de governança adequado à Lei das Estatais”.

A orientação do MPF, negada pela Caixa, tinha como base uma investigação independente contratada pelo próprio banco. A auditoria detectou casos de influência política na empresa, em ao menos quatro vice-presidências. O documento foi produzido pelo escritório Pinheiro Neto Advogados e anexado aos processos relacionados à instituição financeira, reforçando as denúncias contra políticos e ex-funcionários que atuariam em favor de grandes empresas.

Após a reunião com os procuradores da Operação Greenfield, o próprio BC tomou a iniciativa de enviar ofício para a Caixa Econômica Federal com a recomendação de afastamento dos vice-presidentes. Meirelles disse que o governo marcou, para o dia 19 deste mês, reunião da assembleia geral da Caixa para aprovar o novo estatuto do banco. O MPF deu prazo de 60 dias para a instituição tornar mais objetiva e transparente a contratação de vice-presidentes. (Com informações da Agência Estado)

Compartilhar notícia