O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu, no início da tarde desta quarta-feira (9/11), com o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), na residência oficial da Casa. Antes, o petista esteve reunido com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
Após o almoço, Pacheco fez uma publicação nas redes sociais e afirmou ter tratado de “temas institucionais e de interesse do governo de transição”.
“Reafirmei ao presidente Lula que o Congresso irá trabalhar, de forma responsável e célere, para assegurar os recursos que garantam, em 2023, os R$ 600 do Auxílio Brasil, o reajuste do salário mínimo, e os programas sociais necessários para a população mais carente do país”, publicou.
Nesta quarta-feira, recebi, na residência oficial do Senado, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, acompanhado do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, do ex-ministro Aloizio Mercadante, e de colegas senadores. (1/3) pic.twitter.com/OoanQSKOB3
— Rodrigo Pacheco (@rodrigopacheco) November 9, 2022
Pouco depois, foi a vez do presidente eleito usar as redes sociais para informar o encontro com o presidente do Senado.
Hoje em Brasília me encontrei também com o presidente do Senado @rodrigopacheco e senadores de diversos partidos.
📸: @ricardostuckert pic.twitter.com/YtKXpHSaJ2
— Lula (@LulaOficial) November 9, 2022
Mais tarde, Lula ainda irá se encontrar com a presidente do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber. Interlocutores do novo presidente afirmam que a visita do petista servirá para reatar laços entre Executivo e Judiciário, cuja relação foi repetidamente tensionada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).
PEC da Transição
No encontro com Pacheco, a expectativa é de que sejam levadas à mesa as agendas prioritárias do governo Lula para o próximo ano. Estarão na pauta as tratativas da equipe de transição de governo para a construção de um texto capaz de assegurar, nos cálculos do Orçamento 2023, as promessas feitas durante a campanha.
O petista também quer ouvir do senador qual o melhor caminho para garantir a manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600 e o aumento real do salário mínimo. O teto orçamentário é o maior obstáculo e, hoje, há duas alternativas: editar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) ou uma Medida Provisória (MP).

Luiz Inácio Lula da Silva, nascido em 1945, é um ex-metalúrgico, ex-sindicalista e político brasileiro. Natural de Caetés, no Pernambuco, foi o 35º presidente do BrasilFábio Vieira/Metrópoles

De origem simples, Lula se mudou para São Paulo com a família quando ainda era criança. Na infância, trabalhou como vendedor de frutas e engraxateRafaela Felicciano/Metrópoles

Mais tarde, tornou-se auxiliar de escritório, foi aluno do curso de tornearia mecânica no Senai e, tempos depois, passou a trabalhar em uma siderúrgica que produzia parafusos, onde perdeu o dedo mínimo da mão esquerdaFábio Vieira/Metrópoles

Em 1966, Lula começou a trabalhar em uma empresa metalúrgica. Em 1968, filiou-se ao Sindicado de Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema e, em 1969, foi eleito para a diretoria do sindicato da categoriaFábio Vieira/Metrópoles

Durante a ditadura militar, liderou a greve dos metalúrgicos e foi preso, cassado e processado com base na lei vigente à época. Foi justamente nesse período que a ideia de fundar o Partido dos Trabalhadores surgiuRicardo Stuckert

Para formar a sigla, juntou representantes de movimento sindicais, sociais, católicos e intelectuais. Lula se tornou o primeiro presidente do PT. Durante a redemocratização, foi um dos principais nomes do Diretas Já, e no mesmo período, iniciou a carreira políticaReprodução/YouTube

Em 1986, foi eleito deputado federal por São Paulo e, em 1989, concorreu pela primeira vez para presidente. Perdeu para Fernando Collor. Lula disputou o Palácio do Planalto outras duas vezes até ser eleito, em 2002Ricardo Stuckert/Reprodução/Instagram

Cumprindo o primeiro mandato, foi reeleito em 2006, após disputa com Geraldo Alckmin, e permaneceu como presidente até 31 de dezembro de 2010Fábio Vieira/Metrópoles

Durante o período em que foi chefe de Estado, ficou conhecido pelos programas sociais Fome Zero e Bolsa Família, pelos planos de combate à pobreza e pelas reformas econômicas que aumentaram o PIB brasileiro. No exterior, Lula foi considerado um dos políticos mais populares do Brasil e um dos presidentes mais respeitados do mundoFábio Vieira/Metrópoles

Após passar a faixa presidencial para Dilma Rousseff, Lula começou a realizar palestras nacionais e internacionais. Em 2016, foi nomeado por Dilma para comandar a Casa Civil, mas foi impedido de exercer a função pelo STFFábio Vieira/Metrópoles

Em 2017, Lula foi condenado pelo então juiz Sergio Moro por lavagem de dinheiro e corrupção, resultado da Operação que ficou conhecida como Lava Jato. A sentença levou Lula à prisão até 2019, quando ele foi solto após o STF decidir que ele só deveria cumprir pena depois do trânsito em julgado da sentençaFábio Vieira/Metrópoles

Em 2021, o Supremo declarou que Sergio Moro foi parcial nos julgamentos e, consequentemente, todos os atos processuais foram anulados. Lula tornou-se elegível outra vez e, tempos depois, confirmou a intenção de se candidatar novamente ao PlanaltoReprodução
Reeleição de Pacheco
Outro assunto que estará na pauta da conversa é um eventual apoio do novo governo à reeleição de Pacheco para presidente do Senado. A previsão é de que o atual comandante da Casa enfrente uma forte concorrência da ala mais bolsonarista, que somarão, ao menos, 23 senadores – quase um terço da composição (27 senadores).
Nessa terça (8/11), em entrevista coletiva, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, assegurou que o partido, dono da maior bancada do Senado no próximo ano, terá um candidato à presidência do Senado. “Nós queremos ter o presidente do Senado. Não é possível que o PL não tenha a presidência de uma das Casas”, disse, na ocasião.
O PL ainda discute com PP e Republicanos, aliados ao presidente Jair Bolsonaro, qual será o nome de consenso lançado à disputa. Para Valdemar, a favorita, hoje, é a ex-ministra Tereza Cristina (PP-MS). Entre os liberais, os nomes mais pacificados são de Eduardo Gomes (TO), atual líder do governo no Congresso Nacional, e do ex-ministro Rogério Marinho (RN).
Transição de governo
Lula chegou a Brasília na noite desta terça. O presidente eleito já tem gabinete montado no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde foram instaladas as salas da transição, mas ainda não começou a despachar no local.
Conforme a Secretaria-Geral da Presidência, o segundo andar do CCBB está pronto para receber os integrantes da equipe de transição. O prédio costuma ser utilizado nas transições de governo desde a passagem de cargo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) para o próprio Lula, em 2002.
O petista e Geraldo Alckmin terão um gabinete cada um. A estrutura do prédio ainda conta com:
- quinze gabinetes para demais autoridades.
- quatro salas de reuniões.
- uma sala de coworking para 39 postos.
- há 91 computadores instalados, com serviços de telefonia e impressoras.
A transição de governo é prevista em lei e em decreto. Cabe à Casa Civil coordenar a entrega de documentos à equipe do presidente eleito. Os nomes de até 50 dirigentes, de diversos setores, devem ser publicados no Diário Oficial da União. Todos os nomeados trabalham de forma remunerada até a posse, em 1º de janeiro de 2023, na preparação do novo mandato.