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Bolsonaro sobre Greenwald: “Talvez pegue uma cana aqui no Brasil”

O presidente defendeu portaria de Sergio Moro que regula a deportação de pessoas consideradas “perigosas” ou “suspeitas”

atualizado

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Igo Estrela/Metrópoles
Glenn Greenwald na audiência pública. Brasília(DF), 25/06/2019
1 de 1 Glenn Greenwald na audiência pública. Brasília(DF), 25/06/2019 - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Durante evento do Exército no Rio de Janeiro, neste sábado (27/07/2019), o presidente Jair Bolsonaro (PSL) defendeu a portaria que regula a deportação de pessoas consideradas “perigosas” ou “suspeitas”. A medida, assinada pelo ministro da Justiça, Sergio Moro, foi publicada nessa sexta-feira (26/07/2019), no Diário Oficial da União.

Na ocasião, o chefe do Executivo negou que a iniciativa tenha o objetivo de atingir o norte-americano Glenn Greenwald, diretor do The Intercept Brasil. O site de notícias, em parceria com outros veículos, tem publicado desde o dia 9 de junho uma série de reportagens com conversas vazadas entre Moro e procuradores da Lava Jato. Bolsonaro disse que o jornalista não se encaixa na portaria e, por isso, não deve deixar o país. “Talvez pegue uma cana aqui no Brasil”, afirmou.

“Ele [Greenwald] não se encaixa na portaria. Até porque é casado com outro homem e tem meninos adotados no Brasil. Malandro, para evitar um problema desse, casa com outro malandro e adota criança no Brasil. Esse é o problema que nós temos”, criticou.

De acordo com a portaria de Moro, a autoridade responsável pela migração, o Ministério da Justiça e Segurança Pública, pode tomar conhecimento dos “suspeitos” por meio de “informação de inteligência proveniente de autoridade brasileira ou estrangeira” e “investigação criminal em curso”.

Também neste sábado, Bolsonaro comentou sobre as investigações da Polícia Federal que levaram à prisão quatro suspeitos de invadir celulares de autoridades, inclusive do próprio presidente. “Publicar informações mentirosas, mesmo sabendo que foram mentirosas, e não se retratar é um crime também”, completou.

Em resposta

Glenn Greenwald usou as redes sociais para responder ao presidente da República. “Ao contrário dos desejos de Bolsonaro, ele não é (ainda) um ditador. Ele não tem o poder de ordenar pessoas presas. Ainda existem tribunais em funcionamento. Para prender alguém, tem que apresentar provas para um tribunal que eles cometeram um crime. Essa evidência não existe”, escreveu o jornalista.

O fundador do The Intercept fez uma série de postagens rebatendo as acusações. Ele falou sobre ser casado com o deputado federal David Miranda (PSol-RJ) há 14 anos e sobre seus filhos adotivos.

Veja a sequência de tuítes:

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Deportação

Mais cedo, o presidente defendeu que “publicar informações mentirosas, mesmo sabendo que foram mentirosas, e não se retratar é um crime também”, em referência à investigação sobre a suposta invasão de hackers a dados de aparelhos celulares de autoridades do País.

A portaria de Moro prevê que estão sujeitos ao “rito sumário de expulsão” estrangeiros suspeitos de terrorismo, de integrar grupo criminoso organizado ou organização armada e pessoas acusadas de traficar drogas, pessoas ou armas de fogo.

Bolsonaro corroborou que estrangeiros suspeitos de cometer crimes sejam deportados, mesmo que os supostos crimes não tenham sido comprovados judicialmente.

“Eu não sou xenófobo, mas na minha casa entra quem eu quero”, disse. “É suspeito apenas, sai daqui. Já tem bandido demais no Brasil. O sentimento dele é o meu, parabéns ao Moro pela portaria”, declarou o presidente.

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