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Vencedora do prêmio “Educador Nota 10” é atacada a tiros em RO

A tentativa de homicídio teria sido em retaliação de madeireiros que exploravam terras demarcadas. A professora e o marido sobreviveram

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1 de 1 elisangela - Foto: Reprodução/Facebook

A vencedora do prêmio “Educador Nota 10” de 2017, incluindo a categoria “Educador do Ano”, Elisângela Dell-Armelina Suruí, foi atacada a tiros por bandidos em Cacoal (RO). A tentativa de homicídio ocorreu quando ela e o marido voltavam de moto para a Aldeia Paiter Suruí, entre a noite de quarta-feira (29/11/2019) e esta quinta-feira (30/11/2019). De acordo com reportagem do G1, o casal não se feriu no ataque e fugiu a tempo para pedir ajuda.

Na quinta-feira, Elisângela foi até a Polícia Federal (PF) de Ji-Paraná para registrar uma ocorrência.

Naraymi Suruí, marido da professora, é cacique na aldeia Paiter Suruí da Linha 12. Ele acredita que o atentado ocorreu em retaliação por parte de madeireiros que estavam derrubando castanheiras na terra indígena Sete de Setembro e foram expulsos pelos indígenas.

Conforme Elisângela, ela, o esposo e o cunhado dele foram à Cacoal na quarta-feira para despachar uma carga de castanha para ser beneficiada no Paraná. Quando voltavam para a aldeia, à noite, foram seguidos por uma dupla que também estava em uma moto. Com a moto e o carro em movimento. os criminosos  efetuaram vários disparos em direção ao casal.

“Quando deram o primeiro tiro a gente caiu e ficou por trás da moto e eles continuaram atirando. Quando estavam descendo do veículo para ir em nossa direção, o cunhando de meu marido, que estava para trás, se aproximou e eles se assustaram e correram”, conta.

Depois que os atiradores foram embora, as vítimas pediram ajuda a um morador às margens da estrada, que acionou a polícia.

Ameaças
De acordo com a professora, os indígenas da aldeia foram recolher castanhas há duas semanas e se depararam com madeireiros cortando as árvores de castanheiras. “A comunidade pediu para eles se retirarem, falaram que iriam sair, mas na semana passada, quando os indígenas retornaram para colher castanha, encontraram quatro caminhões carregados com castanheiras e também tratores arrastando os caminhões pela mata. Meu sogro ficou revoltado e danificou um dos caminhões com facão. Depois disso, eles [madeireiros] passaram a ameaçar a comunidade. Falaram que iria matar principalmente meu marido, pois acham que ele que está à frente do movimento por ser o cacique”, revelou Elisângela.

Também de acordo com ela, outro motivo de conflito foi a criação da Cooperativa de Produção e Desenvolvimento Indígena Paiter (Coopaiter). “Essa cooperativa foi criada na fim do mês de outubro com o objetivo de legalizar e facilitar a comercialização dos produtos extraídos nas aldeias, sem o intermédio de terceiros. E isso tem desagradado os invasores que entravam nas terras indígenas para comprar madeira ilegal e explorar garimpo, com a permissão de alguns índios, que acabavam permitindo a presença deles por não ter outra fonte de renda”, aponta.

Naraymi Suruí disse que nunca recebeu ameaças pessoalmente, apenas por terceiros. “A gente sabia das ameaças, mas não acreditava que iriam fazer nada contra a nós, mas agora descobri que sou o alvo deles. Segundo Elisângela Suruí, o clima na aldeia é de medo e espera que as autoridades se unam para garantir a segurança nas comunidades indígenas da região. “A gente já havia falado das ameaças com a PF. Meu sogro já esteve duas vezes esta semana também com eles. Agora a gente espera que alguma coisa seja feita para garantir a nossa segurança e da comunidade, pois essas pessoas são da região e conhecem toda a área e a qualquer momento podem jogar gasolina e colocar fogo em todas as casas lá da aldeia”, conta.

 

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