Petrópolis (RJ) – As fortes chuvas que causaram deslizamentos e enchentes em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, deixaram rastro de destruição e mais de 100 mortos. Até as 19h30 desta quinta-feira (17/2), foram confirmados 117 óbitos. A Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) informou que 116 pessoas continuam desaparecidas.
Bombeiros seguem nas buscas por vítimas. Na cidade, o cenário é de guerra. Além das vidas perdidas, dezenas de casas foram derrubadas. A força da água “varreu” tudo que encontrou pela frente, conforme mostram vídeos feitos pelos moradores. Entre os mortos, há pelo menos oito crianças. Dos 101 corpos que no Instituto Médico-Legal (IML), 65 são de mulheres e 36 de homens.
Petrópolis: quem são as vítimas da tragédia causada pelas chuvas
Quem conseguiu escapar dos efeitos das mais de seis horas de chuva, que tiveram início na tarde de terça-feira (15/2), agora lamenta os conhecidos que estão desaparecidos e contabiliza os prejuízos.
“Entre vizinhos, amigos e conhecidos mais próximos, são 10 pessoas que sumiram, de idosos a crianças. Vemos os corpos serem recolhidos e não sabemos de quem se trata. É muito ruim”, desabafa Tânia Maria dos Santos, de 60 anos.
Moradores do Morro da Oficina relataram cenas de terror durante a forte chuva que atingiu o local. Priscila Martins, de 36 anos, que mora há mais de três décadas na região, diz que nunca havia presenciado nada semelhante.
“Parecia um terremoto”, relatou ao Metrópoles, afirmando que duas ex-alunas, ambas de 16 anos, desapareceram. “Já sei que a filhinha de uma amiga morreu, ainda tem minhas ex-alunas soterradas.”
Cerca de 400 bombeiros trabalham na região ao lado de moradores, que atuam como voluntários e ajudam nas escavações.
Nesta quinta, um dia após a tragédia no Morro da Oficina, moradores buscam algum pertence restante e notícias sobre amigos e familiares que seguem desaparecidos.
Alef Matheus, de 23 anos, tem um amigo desaparecido, que se chama Gustavo. O jovem e sua família não tiveram a casa atingida, mas o acesso até o local foi comprometido. Ele relata o sofrimento de ver tudo destruído.
“É um caminho difícil, com muita lama, pedra e água. É muito triste ver que aqui, onde cresci, está completamente destruído”, disse ao Metrópoles.
Ruas irreconhecíveis
O centro da cidade, hoje, não tem seu charme costumeiro, com árvores ao longo dos rasos rios e pontes vermelhas por todos os cantos. Depois do forte temporal, o bairro teve suas praças, como a da Águia, em frente à Câmara dos Vereadores, cobertas por lama.

Dezenas de carros foram levados pela força das águas Reprodução de redes sociais

Pontos de alagamento por toda a cidade de PetrópolisReprodução

Centro de Petrópolis ficou completamente alagadoReprodução de redes sociais

Força da água foi registrada em diversos vídeosReprodução de redes sociais

Comércio local teve lojas destruídas pela águaReprodução de redes sociais

As ladeiras de Petrópolis intensificaram ainda mais a força da águaReprodução

Número de mortos segue aumentando nas horas seguintes à tragédiaReprodução de redes sociais

Tragédia em Petrópolis: chuvas começaram no fim da tardeReprodução

Volume de água devastou ruas e bairros da cidade de PetrópolisReprodução

Cena de destruição se repete em diversos pontos da cidade de PetrópolisReprodução

Foram registrados mais de 160 deslizamentos em PetrópolisReprodução de redes sociais

Centro de Petrópolis foi tomado pela água Reprodução de redes sociais
Em frente ao Museu Imperial, antigo palácio de verão de dom Pedro II, carros batidos em diversas direções foram levados pelas chuvas. Nos rios, incontáveis veículos precisaram ser removidos na tarde de quarta-feira (16/2).
Na Casa da Princesa Isabel, muros com grades tombaram e um veículo avançou pelo extenso gramado.
A famosa Rua 16 de Março, conhecida pelas lojas, foi bastante prejudicada, assim como a Rua Teresa, o polo comercial de roupas da cidade. Nos dois locais, comerciantes perderam toda ou quase toda a mercadoria de seus estabelecimentos.

Sobreviventes buscam familiares na tragédia Luciano Belfort/Especial Metrópoles

Um cachorro foi resgatado com vida após o deslizamentoLuciano Belfort/Especial Metrópoles

Homem tenta encontrar algum morador no deslizamentoLuciano Belfort/Especial Metrópoles

Bombeiro usa um tronco para tentar achar vítimas dos deslizamentos que ocorreram na regiãoLuciano Belfort/Especial Metrópoles

Moradores ajudam a retirar um corpo encontrado nos escombrosLuciano Belfort/Especial Metrópoles

Populares carregam a vítima em um lençolLuciano Belfort/Especial Metrópoles

Topo do Morro da Oficina, que desmoronouLuciano Belfort/Especial Metrópoles

Homem tentando sair de rua totalmente alagadaLuciano Belfort/Especial Metrópoles

Governador Cláudio Castro visitou a área afetada na cidadeLuciano Belfort/Especial Metrópoles

Um corpo é retirado em meio ao lamaçal no morroLuciano Belfort/Especial Metrópoles
A calmaria do petropolitano deu espaço ao medo, à angústia e à dor. Por bairros como o Alto da Serra, um dos mais atingidos, aparelhos de exercícios físicos foram removidos à força de dentro das academias e se misturam com restos da lataria de alguns carros que estão pelas ruas.
Calçadas deram espaço a montanhas de lama, sujeiras trazidas pela chuva e por galhos de árvores.
Mais chuvas
A expectativa é que o cenário desolador continue, devido à possibilidade de mais chuvas para os próximos dias. Para esta quinta-feira, estão previstas pancadas de chuva moderadas a ocasionalmente fortes, a partir da tarde.
Na sexta-feira (18/2), o cenário é ainda mais preocupante: pancadas de chuva fortes a ocasionalmente muito fortes, a partir da tarde. Na terça, em três das seis horas de chuva, o volume já superava a previsão para todo o mês de fevereiro.
Veja mais vídeos do temporal que devastou Petrópolis:
➡ Durante temporal em Petrópolis, pessoas tentam se salvar em ônibus pic.twitter.com/Rr2kymxBWE
— Metrópoles (@Metropoles) February 16, 2022