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Pesquisadores fazem “caçada” a meteoritos que caíram no sertão pernambucano

As pedras encontradas em Santa Filomena são de antes mesmo da formação do planeta e têm cerca de 4,6 bilhões de anos

atualizado

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Divulgação/Grupo de Astronomia Astro Agreste
Chuva de pedras
1 de 1 Chuva de pedras - Foto: Divulgação/Grupo de Astronomia Astro Agreste

Em 19 de agosto, moradores do município de Santa Filomena, no sertão de Pernambuco, foram surpreendidos com um forte barulho de explosão. Eles, no entanto, não imaginavam que o ruído tivesse sido ocasionado por uma chuva de pedras de valor inestimável para a ciência. O fenômeno levou pesquisadores até o local, que iniciaram uma “caçada” para encontrar os meteoritos.

O professor de ciências e membro do Grupo de Astronomia Astro Agreste José Carlos de Medeiros Júnior, 34 anos, foi um dos primeiros a chegar na cidade pernambucana. Ele conta que ficou sabendo da chuva de pedras através da ligação de um colega, e não pensou duas vezes: fez as malas e correu para a rodoviária de Caruaru, onde mora, para tentar chegar o mais rapidamente possível em Santa Filomena.

Além dele e de um amigo, também pesquisador, outros cientistas, inclusive internacionais, tiveram a mesma ideia de ir ao local para encontrar os meteoritos. A cidade, que tem cerca de 14 mil habitantes, viu as ruas ficarem lotadas de “caçadores”.

Valor científico

Júnior explica que as pedras são importantes porque tratam-se de rochas que contêm material com origem de antes mesmo da formação do planeta. “Por esse motivo [o meteorito] é tão cobiçado pelos cientistas que trabalham em diversas áreas da ciência e buscam fazer análises para classificá-lo de acordo com sua composição”, explicou.

“No caso do meteorito que caiu no município de Santa Filomena, trata-se de um meteorito rochoso, um condrito ordinário, o tipo mais comum de meteoritos recuperados. Estima-se que este tipo de meteorito tem cerca de 4,6 bilhões de anos. Está aí mais um grande motivo que leva os pesquisadores a estudarem sua origem e sua composição”, continuou.

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“Caçada” sem regras

Ao descobrir que as pedras são valiosas, aos olhos de pesquisadores, moradores do município que encontraram os meteoritos resolveram vender algumas peças a quem tivesse interesse. Atualmente, não há uma legislação específica no Brasil que determine a posse de um meteorito ou que regulamente o seu comércio.

No caso de Júnior, ele conta que procurou os moradores locais para colher informações sobre a chuva de pedras e, na sequência, saiu em busca dos fragmentos. “Conseguimos encontrar dois meteoritos: um com 38 g e outro com 19 g, o que já é mais que o suficiente para darmos continuidade ao nosso trabalho de divulgação científica no estado de Pernambuco”, disse.

Munidos de equipamentos, os pesquisadores se uniram aos moradores para tentar achar mais alguma peça. “Estimamos que havia cerca de 15 a 20 pessoas de diversos estados do Brasil e de alguns países, não tivemos muito contato com todos, pois a área que estávamos fazendo busca era muito grande, logo, era difícil nos encontrarmos”, relatou Júnior.

Ele conta, ainda, que não houve divergência entre os pesquisadores e, sim, um trabalho conjunto.

“Quando a população viu a mobilização causada por todos que estavam fazendo buscas e ‘caçando meteoritos’, os moradores locais acabaram se juntando a todos que faziam buscas, formando equipes de busca por todo o município. A ajuda dos moradores locais foi sem dúvida muito importante, pois eles conheciam os locais e nos ajudavam a chegar em locais de difícil acesso”, finalizou o pesquisador.

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O Metrópoles entrou em contato com a Prefeitura de Santa Filomena, questionando sobre a venda dos meteoritos e a chegada de pesquisadores no município. Contudo, ainda não obteve retorno. O espaço permanece aberto.

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