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Para avaliar impacto visual, GSI instala escudo antidrones fake no Planalto

O órgão comandado pelo general Augusto Heleno tenta instalar o equipamento nos palácios de Brasília desde janeiro, mas o Iphan tem barrado

atualizado

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Igo Estrela/Metrópoles
antena antidrones Palácio do planalto
1 de 1 antena antidrones Palácio do planalto - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

A disputa entre o ministro e general Augusto Heleno e o órgão responsável por proteger o patrimônio urbanístico em torno da instalação de escudos antidrones na área central de Brasília ganhou um novo capítulo com a instalação de um simulacro da antena no Palácio do Planalto.

A estrutura, que está no teto do prédio desde o fim de setembro, foi colocada para uma avaliação junto aos técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) sobre o impacto visual que o escudo antidrones de verdade terá sobre a obra do arquiteto Oscar Niemeyer.

Para o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) comandado por Heleno, a proteção dos três palácios presidenciais de Brasília é urgente, mas o projeto aguarda uma autorização do órgão responsável pelo tombamento dos imóveis, o que está resultando num atraso superior a 10 meses.

O governo licitou o escudo antidrones ainda em 2019 e assinou o contrato com a empresa que ganhou a concorrência, a Segurpro Tecnologia, no dia 10 de janeiro de 2020, no valor de R$ 2,49 milhões para a instalação de um sistema de detecção e “neutralização” desse tipo de equipamentos na área dos palácios do Planalto, da Alvorada e do Jaburu.

O Metrópoles mostrou em agosto que o Iphan barrou a ideia original, que previa a instalação, no teto do Palácio do Planalto, de uma antena de 20 metros de altura – a mesma do prédio em si. O Alvorada, residência oficial do presidente, ganharia uma antena de 10 metros de altura e o Jaburu, uma de 6 metros. Todas sustentadas por cabos, formando uma espécie de pirâmide.

Uma versão com antenas menores – incluindo a de 1,3 metro que agora teve seu simulacro instalado, também foi barrada pelo Iphan, que, apesar de fazer parte do governo federal, é obrigado a tomar suas decisões com base em critérios técnicos, não políticos.

Ao impedir o objetivo da equipe de Augusto Heleno, o Iphan defendeu em parecer que, “caso sejam elementos integrados à arquitetura dos palácios, os novos equipamentos não podem ser visíveis do ponto de vista do observador, de forma a não prejudicar a leitura da volumetria dos Palácios”. O órgão precisa ser ouvido antes de qualquer alteração arquitetônica na área tombada e se mostrou sensível aos argumentos da necessidade de melhorar a segurança dos monumentos, mas alertou para o perigo de se “enfraquecer o conjunto como um todo, atraindo o olhar do observador para algo que não deve ser visível”.

Após uma segunda negativa do Iphan mesmo com antenas menores, a empresa contratada e o GSI continuaram negociando com o órgão e a instalação provisória do simulacro de antena serve para conferir na prática o impacto visual. Veja como ficou:

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O que dizem os envolvidos

O GSI informou que a responsável por cumprir o contrato, e portanto negociar com o Iphan, é a empresa Segurpro e que a antena instalada no local “é um simulacro inerte instalado, provisoriamente, com a finalidade de embasar estudos da empresa junto ao Iphan”.

Em resposta mais detalhada sobre a situação, o Iphan informou que “o elemento que se encontra instalado em um dos vértices do Palácio do Planalto é um protótipo de canos de PVC, que simula as dimensões dos equipamentos reais. Ele foi idealizado pelos proponentes para que possamos avaliar os impactos desses equipamentos na paisagem, proporcionando inspeção visual, bem como estudos quanto à coloração dos mesmos (visando camuflar as antenas, diminuindo o impacto no bem tombado)”.

O órgão informou ainda que acompanhou a instalação e ajudou com “orientações para a apresentação da nova proposta” pela empresa.

Nem Iphan nem GSI disseram até quando o simulacro vai ficar no teto do palácio.

A Segurpro não retornou as tentativas de contato da reportagem.

O escudo antidrones

Pelo contrato celebrado, além de instalar os equipamentos para a detecção de drones, a empresa Segurpro Tecnologia precisa capacitar os servidores do setor de segurança que irão operá-los.

O sistema tem, segundo o contrato assinado, a capacidade de identificar veículos não tripulados que se aproximarem da área restrita e “neutralizá-los”.

Não é, porém, uma bateria antiaérea que vai lançar mísseis no centro da capital para abater os drones. A tecnologia do sistema permite, em teoria, que o operador corte a comunicação do drone com seu controlador inicial e passe a controlá-lo, fazendo com que pouse em lugar seguro e seja capturado.

A revelação, pelo Metrópoles, de que o GSI pressiona para instalar as estruturas nos palácios tombados revoltou admiradores da obra de Niemeyer e repercutiu até no exterior. O jornal inglês The Guardian, por exemplo, publicou reportagem sobre o risco que correm os edifícios projetados por um dos expoentes do modernismo no mundo.

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