metropoles.com

Oposição celebra comando de comissões enquanto base busca estratégias

Nomes da ala ideológica do PL vão comandar comissões importantes da Câmara, e base do governo Lula tenta lidar com repercussão negativa

atualizado

Compartilhar notícia

Vinícius Schmidt/Metrópoles
imagem colorida mostra plenário da Câmara dos deputados - Metrópoles
1 de 1 imagem colorida mostra plenário da Câmara dos deputados - Metrópoles - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Devido ao critério de proporcionalidade partidária, o Partido Liberal (PL), sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro e maior legenda de oposição ao governo Lula, conquistou a liderança de duas das principais comissões permanentes da Câmara dos Deputados em 2024: a Comissão de Educação e a de Constituição e Justiça.

Os nomes escolhidos pelo próprio PL para comandar esses importantes colegiados são da ala radical do partido: Nikolas Ferreira (PL-MG) e Caroline de Toni (PL-SC). Ao longo das disputas pelos comandos das comissões, o Partido dos Trabalhadores (PT), por sua vez, priorizou a liderança da Comissão de Saúde, que será comandada pelo parlamentar Dr. Francisco (PT-PI).

Na estratégia, entrou na conta que colegiado detém robusto valor em emendas, e seu controle também permitirá blindar a ministra da Saúde, Nísia Trindade, alvo frequente de investidas da oposição em convocações e cobranças.

Pouco antes da instalação e eleição das comissões, na quarta (6/3), a bancada do governo chegou a ameaçar obstrução para impedir a instauração dos colegiados, ou não indicar membros titulares e suplentes. Em reunião com o presidente Arthur Lira (PP-AL), porém, o PL se manteve firme sobre as indicações, e, sob ameaças de as instalações serem adiadas para junho, o governo acabou concordando com a instalação.

A repercussão entre militantes do governo Lula, porém, está sendo muito negativa, e os parlamentares do PT e o próprio Executivo agora estão buscando maneiras de minimizar as conquistas do PL, além de estratégias para reduzir o estrago.

A presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada federal Gleisi Hoffmann, criticou, nesta quinta-feira (7/3), as indicações do PL. “Primeiro foi respeitada a proporcionalidade. Segundo, eu acho uma irresponsabilidade do PL indicar pessoas desse nível mal-educado para presidir a Comissão de Educação. Isso depõe contra a Câmara, depõe contra o PL, depõe contra as instituições. Só tenho que lamentar, não tem como você intervir”, afirmou, referindo-se a Nikolas Ferreira.

Gleisi, porém, minimizou o impacto das escolhas para o governo. “Os projetos principais do governo não têm tramitado pelas comissões, aliás nenhum deles. É só vocês verem: as comissões estão esvaziadas, todos os projetos principais são em regime de urgência pra plenário. Nem a CCJ tem cumprido o seu papel de fazer uma análise mais profunda dos projetos”, argumentou.

Momentos depois, Nikolas usou as redes sociais para chamar Gleisi de “desequilibrada e anti-democrática” pelo comentário.

Como mostrou a coluna Igor Gadelha, do Metrópoles, a estratégia governista também inclui articular “obstrução total” aos trabalhos da Comissão de Educação nos dias em que o deputado bolsonarista tentar votar o que governistas chamam de “pauta medieval”. O principal temor de deputados aliados ao governo é que Nikolas paute projetos conservadores para, por exemplo, proibir o uso de pronomes neutros e os banheiros por identidade de gênero nas escolas.

Oposição promete atuação moderada

Enquanto celebra os deputados eleitos, a oposição promete atuação moderada dos novos presidentes de comissão. Em discussão com o deputado federal Tarcísio Motta (PSol-RJ), Domingos Sávio (PL-MG) argumentou que o Nikolas precisará ter uma postura equilibrada na presidência da comissão, e que um deputado eleito com quase 1,5 milhão de votos precisaria exercer a presidência com responsabilidade. A deputada Bia Kicis (PL-DF), que presidiu a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle no ano passado, também defendeu que precisa haver diálogo.

“Você teve deputados do PL que fizeram debates que tinham que ser feitos, e outros que vinham aqui para fazer vídeo para rede social. Talento para isso eles têm de montão. Vinham atrapalhar. Depois que parava a polêmica, iam embora, e a gente continuava discutindo. A nossa preocupação é que agora a presidência faça isso”, disse o deputado do PSol.

Momentos antes da instalação da CCJ, Caroline de Toni afirmou que manterá “diálogo e bom senso” com o governo Lula. “A gente vai ter a reunião de coordenadores, onde cada coordenador de cada bancada traz os seus pleitos. E aí a gente vai ponderar com eles como vai fazer a pauta. Eu acredito que esse é o meio para a gente ter uma gestão eficiente e ter uma boa condução nos trabalhos. Se a gente chega só pautando pauta de costumes, depois não funciona a comissão. Então a gente tem que ter bom senso”, argumentou.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?