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“Movimento gayzista”: aluno de medicina compara homossexuais a pedófilos

Publicações foram feitas pelas redes sociais. Estudante da UFG chama militância de movimento gayzista e compara homossexuais à pedófilos

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1 de 1 imagem colorida de publicação no Instagram com bandeira do movimento gay - Metrópoles - Foto: Reprodução/Redes sociais

Goiânia – Um estudante da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG) causou polêmica nesta quinta-feira (23/3) após publicações dele, de cunho homofóbico, viralizarem nas redes sociais. O rapaz, identificado como João, comparou pessoas homossexuais a pedófilos.

As postagens foram feitas no Instagram, mas ganharam grande repercussão após a exposição do caso no Twitter. O rapaz, que se refere ao Movimento LGBTQIAP+ como “movimento gayzista”, fez críticas às pessoas homossexuais.

“A partir do movimento gayzista e sua defesa pela liberdade de ser e viver como quiser, o que impediria um p3dofil0 de defender que sua forma de viver é uma opção a ser respeitada?”, disse o estudante.

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Na sequência de publicações, João diz que o movimento LGBTQIAP+ valida todas as formas de sexualidade e a partir disso faz a comparação. “Afinal, já que tudo pode ser aceito, e todos têm que respeitar a sua forma de viver escolhida, por qual motivo o movimento LGBTQIA- seria contra a pedofilia? O problema aqui não é ser boiola, como já falamos no início, mas as graves consequências de defender os princípios desse movimento que podem causa um grande mal”, escreveu o estudante.

Também por meio das redes, o estudante informou que as publicações foram excluídas pela própria plataforma do Instagram. “Tomei uma ré do Instagram. Derrubaram a sequência, fica para outro momento e ambiente”, disse. Procurado pelo Metrópoles, o estudante disse apenas que não foi procurado por nenhuma entidade, no entanto, não informou que houve denúncia em relação ao conteúdo.

Cobranças

Pelas redes sociais, diversas pessoas cobraram posicionamentos de entidades representativas bem como da Universidade Federal de Goiás (UFG). No Twitter, a universidade informou que as denúncias contra o estudante devem ser feitas por meio da ouvidoria da própria instituição. O Metrópoles entrou em contato com a UFG por e-mail, mas até o fechamento desta matéria não houve retorno.

Também por meio das redes, o Centro Acadêmico XXI de Abril da Faculdade de Medicina da UFG se manifestou sobre o caso. “O Movimento LGBTQIAP+ é um movimento antigo que passou por constantes mudanças em sua denominação durante a história para poder incluir melhor as minorias sexuais […]. Contudo existem denominações estigmatizantes cunhadas a esse grupo que ferem e menosprezam a causa e a luta de milhões de pessoas, como é o exemplo do termo ‘gayzista'”.  “Queremos informar que o Centro Acadêmico XXI de Abril condena e repudia, de forma veemente, qualquer forma de discriminação ou preconceito por orientação sexual ou qualquer ação que fira a dignidade das pessoas.

A Associação Atlética Acadêmica Joffre Marcondes de Rezende, da qual o estudante faz parte, também se manifestou. “Em razão do compartilhamento de conteúdos de cunho homofóbico por parte de um dos nossos acadêmicos, torna-se necessário reforçar o nosso posicionamento, como uma Atlética plural, que não compactua com tais atos. Fica claro então que as opiniões e visões desse indivíduo NÃO se alinham com as nossas e, portanto, garantimos que tomaremos as devidas medida cabíveis diante de tal ato”.

Orientação sexual

Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS) a orientação sexual é uma direção ou inclinação do desejo afetivo e erótico de cada indivíduo, podendo se direcionar para pessoas do sexo oposto (heterossexualidade), do mesmo sexo (homossexualidade) ou ou de ambos os sexos (bissexualidade). Destaca-se que são relações que envolvem consentimento.

Já a pedofilia é considerada pelo órgão como um transtorno de preferência sexual (parafilia – comportamento sexual atípico) e enquadra os pedófilos os adultos que têm preferência sexual por crianças. Dessa forma, a pedofilia não se enquadra em orientação sexual, pois é um distúrbio psicológico que, quando expresso, baseia-se em relações que são prejudiciais as crianças, que não são capazes de consentir.

Crime

A legislação brasileira define como crime os atos de homofobia e transfobia, desde que uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de 2019 incluiu a tipificação na Lei do Racismo. Porém, ainda há discussões que questionam quando as ações discriminatórias podem ser lidas como parte de uma liberdade religiosa e quando elas passam a se configurar como discurso de ódio.

Na íntegra da tese do STF que criminalizou a discriminação e violência contra a população LGBTQIA+, o Supremo destaca que “a repressão penal à prática da homotransfobia não alcança nem restringe ou limita o exercício da liberdade religiosa, qualquer que seja a denominação confessional professada”. No entendimento da Corte, os religiosos têm o “direito de pregar e de divulgar, livremente, o seu pensamento”.

Porém, a tese também traz que isso só é permitido quando essas manifestações não se configurem como discurso de ódio. O texto avalia como ódio aquelas “exteriorizações que incitem a discriminação, a hostilidade ou a violência contra pessoas em razão de sua orientação sexual ou de sua identidade de gênero”.

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