Motoboy diz que levava mochilas com dinheiro em espécie para a VTCLog

Funcionário da empresa VTC Operadora Logística (VTCLog), o motoboy Marcio Queiroz de Morais teria sacado milhares de reais em espécie para a companhia. O nome do ex-empregado consta de um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) em posse da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, que investiga a empresa. As informações são do Estadão.

“Eu já saí de lá, não trabalho mais lá. Eu sacava e levava o dinheiro, só isso. Era motoboy”, disse. “(O dinheiro era guardado) na mochila. 100 (mil reais), 50 (mil). Chegou até 200 mil”. Ele, todavia, disse não saber quem recebia os valores. “De lá (da empresa), eu não sei pra quem levava, não, entendeu?”

Morais contou ao jornal que trabalhou para a VTCLog por mais de 20 anos, até 2017, 2018, e que sacava os valores em uma agência bancária no Aeroporto Internacional de Brasília e em outra, do Bradesco, no Setor Comercial, e levava o dinheiro vivo para o setor financeiro da empresa.

Segundo o relatório do Coaf em poder da CPI, Morais teria feito, num período de dois meses, saques em dinheiro vivo num total de R$ 450 mil.

Os saques ocorreram entre janeiro e fevereiro de 2018, mesmo ano em que a VTCLog fechou contrato com o Ministério da Saúde para assumir a logística de armazenamento e distribuição de medicamentos e vacinas da pasta.

Outro motoboy, Ivanildo Gonçalves da Silva, que sacou mais de R$ 4 milhões – a maior parte em espécie – para a empresa, prestará depoimento à CPI da Covid na próxima terça-feira (31/8).

A comissão pediu à Polícia Federal garantia de vida para Gonçalves, que tem sido pressionado pela VTC Log, segundo senadores, desde que entrou na mira da CPI.

Outro lado

Em nota, a empresa de logística justificou os saques de altas quantias em espécies “para utilização em fluxo de caixa de despesas próprias e de seus sócios” e reiterou “indignação com vazamentos de dados sigilosos”.

“A VTCLog é, atualmente, um dos maiores operadores logísticos de fármacos do país. A empresa realizou saques para utilização em fluxo de caixa de despesas próprias e seus sócios. Toda a documentação que comprova o destino de cada saque está disponível à CPI e todos os órgãos de controle. A empresa reitera indignação com vazamentos de dados sigilosos”, disse.