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“MeViro” oferece curso de marcenaria a distância para deficientes visuais

Instituto de Brasília trabalha para garantir a inclusão em todo o país. Além de marcenaria, alunos tiveram aulas de eletrônica básica

atualizado

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Divulgação/MeViro
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1 de 1 DSC_7616 - Foto: Divulgação/MeViro

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem cerca de 6,5 milhões de pessoas com alguma deficiência visual no Brasil. Foi pensando na dificuldade enfrentada por essas pessoas para ingressar no mercado de trabalho que o Instituto “MeViro”, um “espaço maker” ou “faça você mesmo” dedicado a causas sociais, passou a oferecer um curso de marcenaria a distância para deficientes visuais.

O projeto está alinhado com organizações que atuam, principalmente, nas áreas de educação e acessibilidade. A ideia, segundo o “MeViro”, é promover projetos de aprendizagem experienciais, com o propósito de transformar a vida de pessoas e comunidades em situação de vulnerabilidade.

O curso faz parte de um dos módulos do projeto, chamado Imersão Maker. Começou de maneira presencial, com a ideia de capacitar 10 deficientes visuais em áreas diversas, mas, com a adoção da quarentena e das medidas de isolamento social, teve que ser paralisado por um tempo. Assim, foi necessário pensar em alguma maneira para que os alunos não fossem prejudicados. Surgiu, então, a ideia de continuar as aulas na modalidade EAD.

Se ensinar pessoas com deficiência visual já é um desafio na maneira presencial, na modalidade a distância a coisa se complica. Para que as aulas fossem possíveis, integrantes do “MeViro” começaram a entregar os materiais nas casas dos participantes e adaptaram um kit de metacircuitos, que é uma ferramenta pedagógica para o ensino de eletrônica e para atender às necessidades participantes do curso.

O kit conta com uma caixinha de ferramenta de madeira, que os próprios participantes com deficiência visual precisam montar. Além disso, traz alguns itens para realização de atividades, com madeira, como lixas, cola, régua, grampos, martelo e chave philips, entre outros.

Aulas e encontros são realizados por meio da plataforma Google Classroom.

Prêmio e apoio

Para que o curso seja oferecido de maneira gratuita aos participantes, o apoio financeiro da Fundação Volkswagen é fundamental, diz o instituto. Essa ajuda foi conquistada após o MeViro vencer o prêmio de inovação social da Fundação, no fim de 2019.

Pensando em dar uma motivação extra aos alunos, o instituto encontrou Zulmar, um artesão, marceneiro e carpinteiro com deficiência visual. Pessoa alto astral, ele aceitou ser fazer parte do corpo docente e também auxilia os alunos nos encontros virtuais em que são transmitidos conteúdos e informações.

“Seria muito difícil atingir os objetivos que esperamos sem a participação de um mentor/professor que também tivesse a mesma deficiência dos participantes”, explicou o fundador e diretor executivo do instituto, Marcos Oliveira.

Professor Zulmar em aula a distância

Sentidos como tato e olfato são muito utilizados nas aulas de marcenaria. “Existe madeira que é mais leve e tem a mais pesada. É possível sentir as fibras do material. Tem madeira que tem o cheiro muito forte e algumas fedem”, contou Marcos.

Passo a passo

O MeViro começou como uma plataforma web que agregava dezenas de projetos de tecnologia assistivas para pessoas com deficiência. Cada projeto disponibilizado na plataforma apresenta o passo a passo de como construir, como se fosse uma receita, para que as pessoas possam realizar esses projetos em suas próprias casas ou onde preferirem.

Depois do lançamento da plataforma, em 2017, começaram a realizar atividades presenciais, onde, no mesmo ambiente, foram conectados makers (fazedores) e pessoas com deficiência, para que, juntos, criem soluções que possam ajudar na melhoria da qualidade de vida de portadores de deficiências.

Essas atividades são as Oficinas MeViro. Ao final, cada projeto criado, além de beneficiar o participante com deficiência, também é compartilhado na plataforma do MeViro.

Solidariedade e doação

Localizado em Brasília, o espaço maker Meviro conta com uma estrutura para aulas de marcenaria, impressoras 3D, máquina de corte a laser, serralheria, bancada de eletrônica, uma cortadora CNC e um espaço para cursos e palestras.

Caso tenha interesse em utilizar alguma das ferramentas para projetos pessoais, é só consultar o site para agendar o horário e consultar valores. Todos os usuários são treinados – tanto nos protocolos de segurança quanto no manuseio de cada equipamento

Todos os usuários são ensinados a utilizar os equipamentos

Também são oferecidos cursos e workshops. Além disso, é possível se voluntariar em um dos projetos de impacto socioambiental. No momento, a unidade está fechada por conta da Covi-19.

Máscaras face shield

O combate à Covid-19 exige uma grande quantidade de máscaras e equipamentos de proteção individual (EPI). Em alguns hospitais do Brasil esses itens simplesmente acabaram. Por isso, o “Meviro” utilizou as suas impressoras 3D para confeccionar máscaras face shield.

As impressoras levavam de três a quatro horas para produzir uma máscara. Assim, eles desenvolveram um novo projeto para a confecção das máscaras em cortadoras a laser. Utilizando chapas de plástico ou de acrílico, a máquina leva apenas um minuto e trinta segundos para confeccionar as peças, o que possibilitou a produção de 500 máscaras por dia.

Com as doações em dinheiro e materiais, a instituição doou 10 mil máscaras face shield para profissionais da saúde de Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Bahia e Amazonas.

Para entregar os materiais em Manaus, em um período em quase tudo estava paralisado, foi necessário articular uma “carona” em um avião fretado. Uma rede de voluntários montou, separou e higienizou os equipamentos para que fossem distribuídos.

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