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Lula resiste a pressões e quer esperar duas semanas para nomear ministros

Futuro presidente, Lula ignora as cobranças para que anuncie logo ministros e usa a expectativa para montar a base aliada no Congresso

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Imagem colorida do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva - Metrópoles - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Pressionado pelo mercado financeiro, por opositores e até por políticos aliados a começar logo a anunciar seus ministros, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) resiste. De acordo com assessores, o petista está decidido a nomear a equipe de governo somente depois de ser diplomado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que está marcado para acontecer em 12 de dezembro, daqui a quase duas semanas.

O mistério que chega a ser apontado por analistas como um dos motivos para a dificuldade na articulação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição é visto por Lula como um benefício, afirmaram ao Metrópoles aliados que trabalham com ele no dia a dia.

O presidente eleito avalia que seu poder cresce à medida que ele resiste às pressões. O futuro chefe do Palácio do Planalto calcula que atender aos apelos para que nomeie ministros, como os da Fazenda e da Defesa, seria mostrar que está se sentindo emparedado.

Não faltam listas de nomes cotados para as pastas mais relevantes, mas Lula avalia que segurar a decisão o deixa em situação confortável para um objetivo que considera mais importante: construir uma base parlamentar forte para o início de seu governo. E isso passa por negociar espaços e cargos que os partidos aliados terão no futuro mandato, o que tem sido feito nos bastidores.

Partidos como União Brasil, MDB e PSD, por exemplo, estão articulando com Lula e seus aliados ocupar pastas de destaque na Esplanada a partir de 2023. E o presidente eleito não quer entregar o que essas legendas pedem antes de garantir o apoio delas neste ano, na aprovação de uma versão da PEC da Transição que dê espaço fiscal para o próximo governo cumprir promessas e fazer investimentos.

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Deputado federal eleito Lindbergh Farias (PT-RJ)
Lula se reúne com representantes de centrais sindicais
Fernando Haddad, dado como certo no Ministério da Fazenda
Vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB)
Jaques Wagner no CCBB
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Membros da equipe de transição falam com a imprensa

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Deputado federal eleito Lindbergh Farias (PT-RJ)

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Lula se reúne com representantes de centrais sindicais

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Fernando Haddad, dado como certo no Ministério da Fazenda

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Vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB)

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Jaques Wagner no CCBB

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Avanço na PEC da Transição

A resistência do Congresso em negociar a PEC vinha deixando nervosos os articuladores da transição, mas o clima mudou nesta semana, com a entrada de Lula em campo. Um dos membros da transição, o deputado federal eleito Lindbergh Farias (PT-RJ), disse na quinta-feira (1º/12) que a chegada do presidente a Brasília “mudou tudo” e devolveu ao governo eleito o protagonismo na negociação.

Com sinalizações de líderes partidários e dos presidentes das duas Casas do Congresso, vai ficando mais claro que está se construindo um consenso para que o governo Lula tenha permissão de financiar o Bolsa Família fora do teto de gastos por dois anos – metade do que o partido pediu – e que o montante a ser autorizado por ano para esse gasto fique em torno dos R$ 150 bilhões. “Se aprovar alguma coisa com menos de R$ 150 bilhões, irá acontecer o que está acontecendo, com universidades [públicas] parando”, avaliou ainda Lindbergh.

Anúncios extraoficiais de ministros

A demora de Lula em confirmar os nomes dos ministros também serve para que os cotados sejam digeridos por políticos e agentes do mercado financeiro. É o que está acontecendo, por exemplo, com o ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação Fernando Haddad, que é o nome mais falado para o Ministério da Fazenda.

Sem confirmar nem negar que colocará o aliado para comandar a área econômica, Lula já consegue medir como o nome seria digerido pelos diferentes atores sociais. Quem cobra do futuro governo um compromisso mais claro com a responsabilidade fiscal, por exemplo, gostaria de ver anunciado para o cargo um nome de perfil mais liberal na economia e “menos petista”, mas o passar das semanas sem que outros cotados sejam citados vai fazendo com que o nome de Haddad seja “precificado”.

Nem os aliados mais próximos de Lula, porém, garantem que alguma decisão já esteja tomada pelo petista. Não há dúvidas de que Haddad estará no governo, mas também há chances que, se não conseguir convencer o mercado de que será um bom ministro da Fazenda, ele acabe em outra pasta, como a das Relações Exteriores.

Como em 2002

A demora em definir sua equipe é uma tática já utilizada por Lula. Quando foi eleito pela primeira vez para a Presidência da República, em 2002, ele também atormentou o mercado e o mundo político, e só começou a anunciar ministros no meio de dezembro. A lista completa dos ocupantes da Esplanada dos Ministérios foi informada aos brasileiros na antevéspera do Natal daquele ano, a pouco mais de uma semana para a posse.

Vinte anos depois, o petista, mais uma vez, joga com a expectativa.

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