Juiz escreve mensagem de fim de ano a detentos e atitude viraliza
Na carta, o magistrado disse que a mesma intolerância que atinge presos também é destinada a ele
atualizado
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O juiz da Vara de Execuções Penais da Comarca de Joinville (SC) João Marcos Buch enviou uma carta aos 2.050 detentos no complexo prisional da cidade. A mensagem de fim de ano viralizou nas redes sociais e serviu de exemplo a outros magistrados.
Na carta, Buch diz que a intolerância que atinge os presos também é destinada a ele. “Como juiz da execução penal, sou taxado de defensor de bandido, sou olhado de canto de olho, sou hostilizado por parte da sociedade cega em seus traumas, ódios e medos”, disse.
“Todos os dias eu tento explicar que ninguém pode ser definido como bandido e que a pessoa que está presa assim se encontra porque um juiz com base na lei decidiu pela sua prisão”, completou.
Buch disse ainda que são justas as reivindicações dos detentos em relação ao acesso a trabalho e estudo. “Ser juiz da execução penal é lutar para que o muro que divide o mundo dos livres do mundo dos presos não se torne a cerca de arame farpado dos campos de concentração do holocausto”, continuou.
Por fim, desejou aos presos que consigam retomar a vida em harmonia quando a liberdade chegar.
Ao G1, o juiz contou que costuma trocar cartas com os detentos, que fazem diferentes pedidos. Segundo ele, a situação do sistema prisional brasileiro se complicou no último ano e a atitude é uma forma de dar alento aos presos.
O ato de Buch teve repercussão no meio jurídico. Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) entre 2003 e 2012, Ayres Britto entrou em contato com o juiz. “O professor me cumprimentou, falando sobre direito e justiça, sobre vida. Sinto-me tão honrado”, contou.