metropoles.com

Justiça suspende lei que proibia visitas íntimas em presídios de Goiás

Segundo decisão do TJGO, proibição promovia “violações massivas” de direitos fundamentais e humanos, como visitas íntimas. Cabe recurso

atualizado

Compartilhar notícia

Reprodução
complexo prisional de aparecida de goiânia
1 de 1 complexo prisional de aparecida de goiânia - Foto: Reprodução

Goiânia – A lei que proibia visitas íntimas em presídios de Goiás foi suspensa nessa quarta-feira (22/2). A decisão liminar é do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) e foi proferida pelo desembargador Carlos França, após pedido da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção Goiás (OAB-GO).

A lei, que determinava a proibição da visita “realizada fora do alcance de monitoramento e vigilância dos servidores da unidade prisional”, estava em vigor há pouco mais de um mês. Conforme a proposta, do ex-deputado estadual Henrique Arantes (MDB), a possibilidade de visitas íntimas não está expressamente prevista na legislação e serviria para que houvesse troca de informações entre o crime organizado.

De acordo com o desembargador Carlos França, a lei promovia “violações massivas” de  direitos fundamentais e humanos. O órgão pontua ainda que a lei poderia criar um cenário de “instabilidade” nos presídios goianos, além de prejuízos nas relações familiares.

O Presidente da OAB Goiás, Rafael Lara Martins, avaliou como prudente a decisão, diante do flagrante de inconstitucionalidade e de violações em cadeia promovidos pela Lei aos direitos fundamentais e humanos, colidindo, inclusive, com a Constituição Estadual e a Federal, a Lei de Execução Penal, Pacto de São José da Costa Rica, e Regras Mínimas das Nações Unidas para o Tratamento de Reclusos.

O Metrópoles entrou em contato com a Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP), que havia se posicionado a favor da lei. Por meio de nota, o órgão informou que aguarda o julgamento do mérito da ação para definir o posicionamento sobre a lei que proíbe visitas íntimas nos presídios de Goiás, visto que ainda cabe recurso.

Ainda de acordo com a segurança, as medidas judiciais serão cumpridas.

Sem visitas

Na época em que a lei entrou em vigor, a presidente da Associação dos Familiares e Amigos de Pessoas Privadas de Liberdade do Estado de Goiás (AFPL-GO), Patrícia Benchimol, disse que o sentimento era de perda e distanciamento.

“Cada dia que passa, dificultam mais a nossa convivência e a ressocialização dos nossos familiares presos. Estamos profundamente tristes e chocados, mas acreditamos que seja inconstitucional, pois fere o direito à intimidade e, por isso, vamos analisar o que pode ser feito”, afirmou ela ao Metrópoles.

Segundo Patrícia, a visita íntima não é caracterizada apenas pela relação sexual, mas sim pela manutenção de um laço afetivo, que ela chamou de fundamental.

“As pessoas tendem a achar que é só o contato carnal, mas é importante que tenhamos um contato mais próximo. Insistem nessa história das facções criminosas, mas familiar de preso não é bandido. A gente trabalha, paga imposto, leva uma vida normal e, principalmente, não apoia a conduta do parente preso”, reforçou ela.

Ainda de acordo com a explicação de Patrícia, na prática os presos goianos já estão sem visita íntima desde 2020, quando a modalidade foi suspensa em razão da pandemia de Covid-19.

“Eles estão sem visita íntima desde março de 2020. Por causa disso, o índice de separação dentro do sistema prisional está muito grande, infelizmente. Isso limita o nosso convívio familiar e acarreta muito nas nossas relações, afeta até os nossos filhos”.

 

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?