metropoles.com

Jovem que babava passa por cirurgia: “Não serei mais humilhado”

Rapaz de 25 anos não conseguia comer e falar direito devido má formação muscular e esquelética. Dentistas voluntários realizaram cirurgia

atualizado

Compartilhar notícia

Divulgação/Marcelo Quintela
cleiton antes e depois
1 de 1 cleiton antes e depois - Foto: Divulgação/Marcelo Quintela

Cleiton Bezerra, de 25 anos, teve uma vida marcada por preconceito devido à sua aparência. Morador de Cubatão, na região do litoral sul de São Paulo, o jovem tem uma má formação muscular e esquelética. Por este motivo, nunca conseguiu fechar a boca, falar ou comer direito. Solidarizados pela situação de Cleiton, dentistas voluntários realizaram uma cirurgia para corrigir o problema.

De acordo com informações do portal G1, o jovem disse que passa bem após o procedimento cirúrgico. “Não vou mais ser xingado pelas pessoas, nem humilhado, desprezado, nunca mais. Minha vida era muito difícil. As pessoas ficavam me zoando, me chamando de aberração, de monstro e várias palavras fortes. Assim que eu acordei da cirurgia, quando eu vi meu rosto, olhei bem eu disse para mim mesmo: está aí um novo homem. Vou fazer tudo que eu não podia sentir em toda minha vida”, disse Cleiton.

Por conta das limitações, o rapaz só conseguiu concluir os estudos em uma escola de educação especial, apesar de nunca ter apresentado dificuldades cognitivas devido à má formação. Além disso, Cleiton nunca conseguiu ter um emprego fixo ou uma namorada.

Cleiton também foi discriminado. De acordo com o amigo Maiko Santana, o jovem sofre muito preconceito. “Ele baba e o rosto dele é diferente. Devido à boca, o chamam de babão e monstro. Até quando ele pega ônibus tem gente que não senta do lado dele por medo ou nojo”, disse Maiko.

Marcelo Quintela

Cientes do caso, o dentista Marcelo Quintela e o cirurgião buco-maxilofacial Alessandro Silva resolveram ajudar o rapaz de forma voluntária.

De acordo com os profissionais, a má formação muscular no rosto de Cleiton ocasionou no crescimento vertical dos ossos do local.

Quintela explicou que o jovem não consegue fechar a boca porque seus maxilares cresceram muito até não ser possível comportar a parte óssea, dentária e gengival. “Ficando tudo assim exposto ao ar, o que é agressivo, ele acaba ficando com a garganta inflamada, bem como com a gengiva e céu da boca inchados”, disse.

O procedimento para reconstruir o palato, divisão óssea e muscular entre as cavidades oral e naval foi realizado com sucesso em julho de 2018, no centro cirúrgico do Hospital Vitória Santos, em São Paulo. As despesas foram pagas por meio de doações e arrecadação de dinheiro.

Marcelo Quintela

A segunda cirurgia, prevista para acontecer em meados de setembro do ano passado, foi adiada. Isso porque o plano de saúde não aprovou a compra das próteses necessárias para realizar o procedimento.

A família, no entanto, entrou com uma liminar na Justiça e o convênio foi obrigado a comprar os materiais.

A cirurgia foi realizada apenas em outubro deste ano, no Hospital Alvorada, em São Paulo. O procedimento durou cerca de seis horas. “Cortamos a maxila e colocamos para dentro, para que apareçam só os dentes, e abrimos para que ela fique larga. Feito isso, cortamos a mandíbula e suspendemos para colocar os dentes na posição correta”, explicou Quintela.

Durante o procedimento, foram implantadas duas próteses de titânio próximas à região do ouvido devido à fragilidade dos ossos de Cleiton. Elas funcionam como articulações metálicas, fazendo com que o jovem possa comer qualquer tipo de alimento.

Recuperação
Após a cirurgia, Cleiton passou dois dias internado até receber alta da unidade médica. De acordo com Quintela, ele permanece com a “boca travada”. “Para os ossos cicatrizarem nessa posição precisa ficar imóvel. Ele está feliz, está diminuindo o inchaço no rosto, não sente dor”, disse.

O próximo passo será ensinar Cleiton a falar. “O ato de falar não é voluntário e espontâneo. Agora, o Cleiton tem condições para falar, mas ele precisa aprender a falar. Ele grunhia, agora, tem como falar direito, só precisa aprender, porque nunca falou. Como a musculatura fraca, precisa de uma fisioterapia. Estamos buscando ajuda voluntária agora”, afirmou Quintela.

Marcelo Quintela

 

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?