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Vídeo: Metrópoles vence maior prêmio de jornalismo investigativo da América Latina

Matéria sobre assédio sexual na Caixa, da coluna de Rodrigo Rangel, levou Prêmio Latino-americano de Jornalismo de Investigação

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Igo Estrela/Metrópoles
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1 de 1 Foto-ex-presidente-da-caixa-pedro-guimaraes - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Metrópoles ganhou, na noite dessa sexta-feira (11/11), o Prêmio Latino-americano de Jornalismo de Investigação, da Colpin, considerado o mais importante da América Latina, com a matéria sobre o escândalo de assédio sexual e moral no coração do governo Jair Bolsonaro, da coluna de Rodrigo Rangel. A reportagem resultou na saída do então ex-presidente da Caixa, Pedro Duarte Guimarães. Também foram premiados trabalhos da TV Globo e da Agência Pública.

A cerimônia de entrega do prêmio, chamado de Nobel do jornalismo investigado na América Latina, ocorreu no Rio de Janeiro, na sexta-feira (11/11). A edição de 2022 do Prêmio Javier Valdez teve 285 inscrições, com material de mais de 20 países, em trabalhos de mídia impressa, televisiva, radiofônica e multimídia.

Escrita por Rodrigo Rangel, Fábio Leite e Jeniffer Gularte, a reportagem “Exclusivo: funcionárias denunciam presidente da Caixa por assédio sexual” mostra relatos do sofrimento enfrentado por vítimas de Pedro Guimarães, 51 anos, durante a gestão dele. Um dia após a denúncia veiculada no Metrópoles, Pedro entregou a carta de renúncia ao presidente Jair Bolsonaro (PL).

Confira como foi a premiação:

Importância do prêmio

O prêmio foi entregue pelo jornalista Fernando Rodrigues, integrante do júri, que destacou a importância do troféu. “Não é segredo que o continente latino-americano tem passado por momentos de mudanças e desafios. Vários conceitos sobre democracia, liberdade de expressão têm sido apresentados, contestados, atacados. O papel do jornalismo é informar, iluminar áreas opacas da sociedade. É assim que o jornalismo contribui para aperfeiçoar a democracia”, discursou.

“A reportagem [feita por Rangel, Leite e Gularte] preenche todos os requisitos para informar algo de extrema relevância jornalística e de interesse público”, apontou Rodrigues, afirmando que as matérias expuseram ao público brasileiro um aspecto ainda desconhecido de como era comandado um dos maiores bancos estatais da América Latina.

“A pessoa acusada tinha grande proximidade com o atual presidente da República, que não entendeu, disse ele, haver nada muito contundente nas acusações. Felizmente, os repórteres acharam que tinha”, continuou.

Bastante emocionado, Rodrigo Rangel dedicou o prêmio a todos os jornalistas, especialmente, os brasileiros. “Nós, jornalistas, estamos sendo sistematicamente atacados há anos, nas redes, na nossa vizinhança, até entre nossos amigos. Ganhar esse prêmio, neste momento, significa muito para nós, jornalistas brasileiros”, afirmou.

Jornalismo de investigação

Por semanas a reportagem ouviu relatos, que há tempos corriam nos bastidores da Caixa, sobre assédios cometidos por Guimarães. Nada, porém, havia avançado para providências capazes de colocar em xeque sua permanência no cargo, até a publicação da matéria.

No fim do ano passado, um grupo de funcionárias decidiu romper o silêncio e denunciar as situações pelas quais passaram. A coluna colheu os relatos de algumas dessas mulheres. Todas elas trabalham ou trabalharam em equipes que servem diretamente ao gabinete da presidência da Caixa.

Cinco concordaram em dar entrevistas, desde que as identidades fossem preservadas. Elas diziam se sentir abusadas por Pedro Guimarães em diferentes ocasiões, sempre durante compromissos de trabalho.

Os depoimentos são fortes. As mulheres relataram toques íntimos não autorizados, abordagens inadequadas e convites heterodoxos, incompatíveis com o que deveria ser o normal na relação entre o presidente do maior banco público brasileiro e funcionárias sob seu comando.

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Sobre o prêmio

O Prêmio Latino-americano de Jornalismo Investigativo, do Instituto de Imprensa e Sociedade (IPYS), que ocorre anualmente, visa estimular a excelência profissional nessa especialidade. Segundo os organizadores, o objetivo é incentivar mais transparência na atuação de governos, empresas e mídia. O prêmio é aberto a todos os tópicos de pesquisa sobre assuntos de interesse público.

A premiação recebeu o nome de Javier Valdez em homenagem ao jornalista mexicano assassinado no exercício da profissão. A cerimônia de entrega ocorreu no Circo Crescer e Viver. O prêmio coroou a edição de 2022 da Conferência Latino-Americana de Jornalismo Investigativo (Colpin), no Hotel Hilton, no Rio.

O corpo de jurados foi composto pelos renomados jornalistas Lise Olsen, Giannina Segnini, Fernando Rodrigues, Santiago O’Donnell e Daniel Lizárraga.

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