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Hospital de SP investiga caso de “fungo negro” em paciente com Covid

Embora casos da doença tenham aparecido no Brasil, médico afirma ser algo raro no país

atualizado

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Fábio Vieira/Metrópoles
Hospital de Campanha Pedro Dell'Antonia de Santo André - São Paulo
1 de 1 Hospital de Campanha Pedro Dell'Antonia de Santo André - São Paulo - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

São Paulo – Profissionais de saúde estão investigando um caso de murcomicose, doença conhecida como “fungo negro”, em paciente com Covid-19, internado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, em São Paulo. No Brasil, outros dois casos são investigados em Santa Catarina e Manaus.

No Brasil, a doença é rara, mas não deixa de ser preocupante uma vez que é fatal. O fungo necrosa os tecidos da face, atingindo nariz e olhos, podendo chegar ao cérebro. As partes atingidas escurecem, por isso o nome “fungo negro”, e 50% dos pacientes não resistem à doença.

O fungo se multiplica e invade os vasos sanguíneos”, afirmou o médico Marcello Mihailenko Chaves, da clínica de moléstias infecciosas e parasitárias do HC, ao jornal Folha de S.Paulo.

O tratamento é invasivo e se dá por meio de cirurgias complexas, que podem levar à retirada dos olhos ou um pedaço do cérebro.

A diabete é uma das doenças que podem favorecer o fungo. Pessoas que realizaram transplante de medula óssea ou possuem doenças onco-hematológicas também estão no grupo risco.

Apesar de haver registros no Brasil, não é o caso da doença se proliferar como na Índia, onde mais de 9 mil pessoas foram diagnosticadas. Mihailenko Chaves explica que no país asiatíco a diabetes atinge um número explosivo de pacientes, por isso a alta de casos.

“Atendemos de dois a três casos de murcomicose por ano no Hospital das Clínicas”, diz. Contudo, ele afirma que os médicos precisam ficar atentos para que a doença não se torne mais um desafio em meio à Covid-19.

O médico ainda explica que casos graves de Covid-19 podem contribuir para o avanço do fungo no corpo humano, uma vez que o uso de corticóides, usado para lidar com alguns sintomas, aumenta a glicose do paciente.

Além disso, a vasoconstrição causada derivada da doença pode levar à acidose — acidez do sangue —, além das inflamações. Esse quadro favorece o surgimento do fungo.

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