Fotógrafo que fez cobertura do 8/1: “Distorceram meu trabalho”
Fotógrafo afirmou que “não fez nada de irregular”, e que grupos têm usado o material captado para “distorcer” o seu trabalho
atualizado
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O fotógrafo Adriano Machado, da agência Reuters, afirmou que a cobertura que fez dos ataques golpistas em 8 de janeiro foi “distorcida”. O profissional presta depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8/1 nesta terça-feira (15/8).
Machado aparece em imagens das Câmeras de Segurança do Palácio do Planalto, onde registrou a ação dos manifestantes. Parlamentares bolsonaristas e de oposição têm acusado o fotojornalista de participar dos ataques.
Ao colegiado o fotojornalista afirmou que “não fez nada de irregular”, e que grupos têm usado o material captado para “distorcer” o seu trabalho. Ele também pontuou que se sentiu “ameaçado” a apagar as fotos feitas naquela data.
“Eu estava trabalhando e tirando fotos. Nunca vi aquelas pessoas antes e nem depois na minha vida. Me senti ameaçado e forçado a deletar aquelas fotografias e não tive alternativas. Como fotojornalista da Reuters, sou treinado para lidar com situações extremas como as que passei. Agi de forma profissional mediante as circunstâncias em que me encontrava naquele momento”, disse.
Críticas
A convocação de Machado gerou críticas de entidades ligadas ao jornalismo. Em nota divulgada na data da convocação, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) repudiou a medida e a classificou como uma “tentativa de grupos extremistas de desviar o foco sobre a responsabilidade dos crimes cometidos na Praça dos Três Poderes”.
A entidade também defendeu o trabalho da imprensa, especialmente em 8 de janeiro, quando “dezenas de profissionais, incluindo Adriano Machado, se colocaram em risco para que a população fosse prontamente informada sobre o que ocorrida dentro dos prédios dos Três Poderes”.
“A liberdade de imprensa é um direito previsto pela Constituição Federal absolutamente fundamental para o bom funcionamento do regime democrático. A tentativa de intimidar um fotojornalista é, portanto, um claro ataque ao Estado Democrático de Direito, que não pode ser corroborado pelo Congresso Nacional”, divulgou a Fenaj.
A nota também foi assinada pelos institutos Palavra Aberta e Vladmir Herzog, pela Associação de Jornalismo Digital, pela Repórteres Sem Fronteiras, pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), além das associações Tornavoz e dos Jornalistas de Educação.