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Estudantes de GO criam satélites para monitorar lavouras e incêndios

Tecnologia criada por alunos do Sesi será lançada no espaço em setembro, numa das etapas competitivas da Olimpíada Brasileira de Satélites

atualizado

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Vinícius Schmidt/Metrópoles
alunos do sesi campinas, em goiânia, criam satélites para a fase final da 1ª olimpíada de satélite do brasil
1 de 1 alunos do sesi campinas, em goiânia, criam satélites para a fase final da 1ª olimpíada de satélite do brasil - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Goiânia – Jovens alunos do colégio do Serviço Social da Indústria (Sesi) Campinas, localizado na capital goiana, estão empenhados numa missão espacial inédita no Brasil. Eles foram aprovados para a próxima etapa da 1ª Olimpíada Brasileira de Satélites e terão os trabalhos lançados no espaço pela primeira vez, no dia 17 de setembro, durante a etapa regional da competição, em Goiás.

Os adolescentes são alunos do Ensino Fundamental e Médio, e estão divididos em cinco equipes. Eles criaram minissatélites capazes de monitorar incêndios urbanos, queimadas florestais, evolução de lavouras de soja, ameaças à integridade de terras indígenas e quilombolas, e também de gerar internet para povoados distantes.

Pode parecer muito para um adolescente, mas os alunos já estão engajados nos testes finais de cada um dos projetos, na sala de robótica do Sesi Campinas, sob tutela do professor Leandro Hall e com auxílio de especialistas amigos, como engenheiros mecatrônicos e programadores.

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Os equipamentos serão levados por balões meteorológicos, também chamados de balões estratosféricos, a uma altura de até 22 Km. A competição foi iniciada em abril do ano passado e contou com 352 inscrições de todo o país. As equipes goianas ficaram entre as primeiras colocadas, até então, e estão otimistas para a próxima etapa.

As fases regionais, com o primeiro lançamento dos minissatélites na atmosfera, serão a etapa 3 da competição. Os vencedores de cada local serão levados à final nacional, que ocorrerá em novembro, quando será feito um novo lançamento orbital. Os equipamentos possuem capacidade para serem levados a uma altura de até 35 km.

A olímpiada foi criada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e é organizada pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e a Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da Universidade de São Paulo (USP).

Monitoramento de incêndios

Entre os cinco projetos desenvolvidos pelos alunos do Sesi, em Goiás, dois são focados no monitoramento de incêndios e queimadas. Um deles, feito pelas alunas Brenda Luís, de 15 anos, e Jackelline Silva, 16, da equipe Space Girls, foi criado para acompanhar o fogo na região da Chapada dos Veadeiros, no nordeste do estado.

O satélite Fighting Fires está sendo codificado para monitorar toda a região da Chapada e atualizar os dados a cada dois minutos. “Se algo for detectado, as informações serão enviadas para a plataforma Google Cloud Vision e uma mensagem automática será direcionada ao Corpo de Bombeiros mais próximo, com as coordenadas geográficas do local”, explica Brenda.

O outro projeto, chamado de Fire Link e desenvolvido pelo grupo Dynamic Space, visa monitorar incêndios em espaço urbano. Os alunos João Pedro Pereira, 15, e Gustavo Herculano, 16, trabalham no protótipo de satélite que poderá gerar uma informação rápida sobre o local dos incêndios nas cidades. Eles se inspiraram nos casos recorrentes que atingem os galpões comerciais na região do Setor Campinas, em Goiânia, onde fica a sede do colégio.

Com o auxílio de uma câmera, a ideia é gerar imagens e dados que serão enviados para os bombeiros, com a finalidade de acelerar o combate e evitar perdas maiores. “Temos o exemplo da catedral de Notre Dame (em Paris) que perdeu muita coisa por causa da demora no início do combate às chamas”, cita João Pedro.

Preservação do território

Outros dois grupos desenvolvem trabalhos voltados para a identificação e manutenção da integridade de territórios de povos indígenas e quilombolas. Um deles, o Quilombolas On-line, criado pelo grupo Robotic Engineers, das alunas Karolaynne Mazzei, 17, e Luiza Mercadante, 17, vai um pouco além e pretende, ainda, levar internet aos povoados que ficam em locais de difícil acesso.

“O satélite tem wi-fi dentro dele e, também, terá a função de monitorar a preservação do meio ambiente do território dos quilombolas. Nessa etapa, antes do lançamento, estamos verificando se ele está executando o que nós colocamos na programação e se está captando os dados que pretendemos”, explica Karolaynne.

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Ela conta que o grupo ficou em dúvida entre indígenas e quilombolas, mas optaram pelo segundo por causa das dificuldades de comunicação que os povoados enfrentam. Até pouco tempo, algumas comunidades quilombolas em Goiás não tinham sequer energia elétrica.

O outro grupo, Star Guardians, composto pelos alunos José Fernandes Santana, 15, Ana Clara Ferreira, 14, e Mariana Cazimiro, 16, vai concorrer na categoria de Ensino Fundamental com o projeto Miss Fortune. O minissatélite criado por eles pretende monitorar as ameaças de garimpeiros e madeireiros à integridade de territórios indígenas na região Centro-Oeste.

Eles já entraram em contato com a interlocutora de uma etnia do Mato Grosso e ela se mostrou disposta a utilizar a ferramenta, caso o satélite funcione e seja efetivado.

Grupo foca no monitoramento de lavouras de soja

O quinto projeto dos alunos do Sesi Campinas é de um satélite para acompanhar a evolução de plantações de soja e, com isso, delimitar as diferentes fases da lavoura, a partir da coloração da planta. Os alunos Silval Luiz, 16, e João Carlos Barbosa, 15, do grupo Engineers of Stars, conversaram com um engenheiro agrônomo para saber como o trabalho é feito hoje em dia.

A soja possui diferentes fases de maturação, conforme a evolução do plantio, sendo que em algumas ela fica mais propensa ao ataque de pragas. Como as plantações são extensas, o monitoramento aéreo se faz necessário, não só para evitar os ataques, mas também para determinar a melhor hora para a colheita.

Hoje, o comum é que isso seja feito por meio de drones e deslocamento de equipes de técnicos especializados. Com o satélite Canagro, projetado pelos adolescentes, a ideia é que tudo seja feito de maneira automática e on-line, a partir das cores da planta, e sem a necessidade de deslocamento de uma equipe. O produtor rural receberia as informações no próprio computador.

Com certeza, uma proposta que ajudaria a revolucionar as práticas no campo, hoje. Assim como os demais grupos, os garotos estão fazendo testes caseiros com o minissatélite para identificar se a bateria resiste e se o equipamento é capaz de responder às condições de pressão e calor no espaço.

“É apenas o primeiro ano da Olimpíada de Satélites. É tudo muito novo para nós, mas os alunos estão progredindo”, diz o professor Leandro Hall.

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