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Entenda como funcionava o megaesquema de tráfico de armas no Brasil

Esquema envolvia contrabando de armas do Leste Europeu para facções criminosas no Brasil, e movimentou cerca de R$ 1,2 bilhão em três anos

atualizado

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Polícia Internacional
Foto colorida de cpoliciais com armas de fogo em busca e apreensão - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida de cpoliciais com armas de fogo em busca e apreensão - Metrópoles - Foto: Polícia Internacional

As mais de 43 mil armas movimentadas pelo megaesquema de tráfico percorreram um longo caminho desde a Europa até as mãos das principais facções criminosas do Brasil. O esquema foi revelado em operação feita pela Polícia Federal em conjunto com autoridades paraguaias, deflagrada nessa terça-feira (5/11).

O principal alvo era o empresário argentino Diego Hernan Dirisio, dono de uma empresa no Paraguai que importava armas de países europeus e vendia a chefes do Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV). Considerado o maior contrabandista da América do Sul, ele está foragido.

As investigações apontam que as armas eram fabricadas na Croácia, Turquia, República Tcheca e Eslovênia e importadas pela empresa de fachada comandada por Dirisio no Paraguai. Lá, os armamentos tinham a numeração raspada e a logomarca da fabricante alterada, para serem revendidos no mercado ilegal.

O destino era, principalmente, as facções criminosas PCC e CV, que têm forte atuação em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Veja o caminho feito pelas armas:

Mapa de trajeto de armas contrabandeadas
Armas eram importadas do leste europeu para serem repassadas a facções brasileiras

O grupo criminoso teria entregado 43 mil armas a essas facções, em transações que movimentaram cerca de R$ 1,2 bilhão em três anos. A megaoperação da PF cumpriu 85 mandados — 25 de prisão preventiva, seis de prisão temporária e 54 de busca e apreensão — no Brasil, nos Estados Unidos e no Paraguai.

Camadas

De acordo com o delegado Diego Cordilho, responsável pelo inquérito, o esquema era dividido em diversas camadas, desde a compra na Europa até a chegada às facções.

Além da empresa paraguaia que revendia os equipamentos para dois intermediários na fronteira com o Brasil, havia o núcleo de logística, para as armas serem transportadas pelas rodovias brasileiras, e de vendedores.

Além disso, os criminosos tinham um braço financeiro e de doleiros (negociadores de dólar no mercado paralelo) para lavar o dinheiro recebido pelo tráfico. Empresas de fachada, que não tiveram os nomes divulgados, foram abertas em Miami para conseguir declarar o dinheiro do tráfico de drogas.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que a operação busca fechar “via logística” de venda de armas a grupos criminosos no Brasil.

“Essa ação com o Paraguai fará com que as duas maiores facções brasileiras, que eram destinatárias principais dessas armas ilegais, tenham o fechamento dessa via logística para a realização dessas operações”, explicou o ministro.

Origem das investigações

As investigações começaram em março de 2020, quando uma equipe da Polícia Rodoviária Federal (PRF) apreendeu um carregamento de armas, carregadores e crack em uma carreta na BR-116, em Vitória da Conquista (BA).

À época, um casal estava carregando 34 armas tchecas e duas croatas em uma carreta da marca Iveco. Chamaram a atenção a quantidade de armas e a nacionalidade do produto. Assim como os equipamentos revendidos pela empresa de Dirisio, os itens apreendidos tinham a numeração raspada.

O caso passou a ser investigado pelo Ministério Público Federal. A polícia conseguiu identificar o número de série das armas por meio de uma perícia. Com essa identificação, os investigadores chegaram à empresa fabricante na Croácia e descobriram quem era o importador: o empresário argentino Diego Hernan Dirisio. A partir daí, as investigações se desenrolaram até chegar à operação deflagrada nessa terça.

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