metropoles.com

Enfermeira que atendeu idoso no chão: “Chorei, mas tive que levantar”

Paciente precisou ser socorrido de forma emergencial e improvisada, pois não havia leitos disponíveis na UPA

atualizado

Compartilhar notícia

reprodução/ redes sociais
Idoso morre no chão de UPA em Teresina por falta de macas
1 de 1 Idoso morre no chão de UPA em Teresina por falta de macas - Foto: reprodução/ redes sociais

A técnica de enfermagem Polyena Silveira, que aparece em foto (imagem em destaque) que viralizou na internet na última semana ao lado de um paciente morto no chão de uma unidade de pronto atendimento (UPA) de Teresina (PI), disse ter chorado com o episódio.

“Fiquei sentada ali uns cinco minutos. Chorei, mas tive que levantar, lavar o rosto e continuar o atendimento, porque lá ainda estavam os outros 10 pacientes que precisavam da gente”, afirmou, em entrevista ao portal UOL Notícias.

Polyena contou que o paciente foi atendido no chão, pois todos os leitos e as macas da unidade de saúde estavam ocupados, devido ao agravamento da pandemia da Covid-19. Sem sucesso, a equipe médica ficou 25 minutos tentando reanimar o idoso.

“O paciente entrou na sala carregado nos braços de um terceiro, que a gente não sabe se era um familiar ou um vizinho, porque deixou o homem lá e saiu. Ele estava em parada respiratória. Neste momento, toda a equipe foi ao chão para tentar reanimá-lo”, relatou a técnica.

A profissional de saúde disse também que, em oito anos de profissão, jamais passou por situação semelhante. Ela contou que, após o atendimento, ficou pensando se fosse a mãe, o marido ou um dos filhos dela no lugar da vítima.

“Esse foi um atendimento que nos deixou exaustos, porque foi cansativo. A posição no chão era muito ruim, desconfortável. Cheguei a comentar com a equipe que meu braço estava tremendo, mas me mantive firme até o fim, porque esse é o meu trabalho”, disse.

“Mas o que nos deixou cansados mesmo foi o psicológico, que ficou muito abalado depois daquela cena. Era muita decepção, mas a gente fez o que podia”, assinalou Polyena Silveira.

Compartilhar notícia