Análise: Haddad cresce no Datafolha e aumenta emoção do 2º turno

A redução da diferença entre os candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), detectada pelo Datafolha, projeta dias de emoção e expectativa para os brasileiros até domingo (28/10), dia da votação do segundo turno. Divulgado na noite dessa quinta-feira (25), o último levantamento do instituto de pesquisas mostra o deputado com 56% da preferência dos eleitores, contra 44% do petista.

Em uma semana, a distância entre os dois concorrentes caiu seis pontos percentuais. Embora Bolsonaro apareça 12 casas acima de Haddad, a aproximação das linhas dos gráficos torna o resultado das urnas menos previsível para os concorrentes. Como consequência, eleva-se a tensão nas campanhas.

Os resultados do Datafolha confirmam o desgaste de Bolsonaro desde a semana passada, quando a Folha de S.Paulo publicou denúncia relacionada ao pagamento ilegal, por empresários amigos, de pacotes de disparos de mensagens pelo aplicativo WhatsApp. Esse fenômeno foi identificado, primeiro, pelo Ibope na pesquisa fechada na última terça-feira, que revelou queda de quatro pontos percentuais na diferença entre os presidenciáveis.

Nesse período, a imagem do candidato do PSL também sofreu abalos com o vídeo em que seu filho, Eduardo, fala sobre a hipótese de fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) por “um cabo e um soldado”. Outro fato negativo foi o discurso feito domingo (21) por Bolsonaro na Avenida Paulista, em São Paulo. Na ocasião, ele prometeu “varrer do mapa” os “bandidos vermelhos do Brasil”, referindo-se aos seguidores de Haddad.

Em consequência do destempero do capitão, o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman (PSDB) gravou vídeo com declaração de voto em Haddad. Ferrenho adversário do PT nas últimas décadas, o tucano deixou de lado suas rusgas para se contrapor à “ameaça aos valores democráticos”.

Ex-militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Goldman fez carreira política na oposição à ditadura, o que ajuda a explicar sua aversão a um candidato que defende os governos militares. Aos 81 anos, ele integra a faixa etária onde Bolsonaro tem o melhor desempenho.

Pelos números do Datafolha, a aceitação de Bolsonaro diminui gradualmente em função da idade dos eleitores. Quanto mais jovens, melhor a performance de Haddad. Essa tendência permitiu ao petista, nos últimos dias, inverter as linhas do gráfico e ultrapassar o adversário entre os brasileiros de 16 a 24 anos (52% a 48%).

Nas outras faixas etárias, o candidato do PSL continua à frente, mesmo com redução da diferença. Os eleitores com mais de 60 anos proporcionam ampla vantagem para Bolsonaro (60% a 40%).

O capitão perdeu terreno no Sudeste, dentro da margem de erro, e no Sul, onde a distância dos dois presidenciáveis caiu de 38 pontos percentuais para 30. No Norte, em uma semana, o capitão caiu sete casas e Haddad subiu a mesma quantidade. Com isso, o intervalo despencou de 32 casas para 18. Das quatro regiões, Bolsonaro cresceu apenas no Centro-Oeste, dois pontos – dentro da margem de erro.

Até domingo (28), o candidato do PSL trabalha para segurar os eleitores que se afastam dele nos últimos dias de campanha. Ao mesmo tempo, pressionado pela desvantagem nas pesquisas, o petista tenta amarrar acordos que ampliem apoios na reta final da campanha. Nessa direção, ele comemorou na segunda-feira (22) o “voto crítico” anunciado por Marina Silva, candidata da Rede derrotada no primeiro turno.

Haddad espera ainda obter declarações a seu favor do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e de Ciro Gomes, concorrente do PDT que ficou em terceiro lugar na votação do dia 7 de outubro. Caso seja bem-sucedido nessas negociações, aumentará as chances de sonhar com a vitória. Os brasileiros, nesse cenário, viverão um fim de semana com os nervos à flor da pele.