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Há 9 datas para aulas serem retomadas no pós-pandemia. Veja

Sem consenso e sob alerta de especialistas, abertura de escolas divide governos e autoridades sanitárias. Aumento de casos amedronta os pais

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Carteira em escola de Samambaia com sala de aula vazia
1 de 1 Carteira em escola de Samambaia com sala de aula vazia - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Ainda não há consenso entre governos e especialistas sobre o momento certo para a reabertura de instituições de ensino. Alguns movimentos começam a ser estruturados, mas ainda sob o temor dos efeitos da pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.

Um levantamento do Metrópoles, com base em dados do Conselho Nacional dos Secretários de Educação (Consed), revela que atualmente existem nove datas para o regresso das aulas presenciais, sendo que em sete unidades da Federação a suspensão é por tempo indeterminado.

Atualmente, as redes de ensino dos 26 estados e do DF estão com as aulas presenciais paralisadas. De acordo com o Censo Escolar de 2018, as redes estaduais e do DF reúnem 30,3 mil escolas e 16 milhões de alunos.

Veja validade da suspensão das aulas por unidade da Federação: 

  • 25 de abril

Rondônia.

  • 30 de abril

Acre, Alagoas, Amazonas, Espírito Santo, Mato Grosso, Piauí, Rio Grande do Sul e Sergipe.

  • 1º de maio

Amapá.

  • 3 de maio

Bahia e Paraíba.

  • 4 de maio

Ceará.

  • 5 de maio

Santa Catarina.

  • 8 de maio

Pará.

  • 12 de maio

Maranhão.

  • 31 de maio

Distrito Federal e Rio Grande do Norte.

  • Tempo indeterminado

Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Roraima, Pernambuco e Tocantins.

A manutenção dos prazos — que podem ser ampliados ou reduzidos — dependem de decretos dos governos estaduais. O Ministério da Educação avalia a situação das 220 escolas, institutos e universidades federais sob seu comando, mas não crava uma data.

“Risco muito grande”

A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), uma das principais entidades no controle da pandemia no território nacional, está preocupada. A equipe técnica avalia que atualmente o “risco é muito grande”.

O infectologista Leonardo Weissmann, consultor da SBI, explica que o país não tem testes diagnósticos para avaliar todos os professores e demais funcionários dos colégios.

Além disso, a adesão dos pais pode atrapalhar o ano letivo. “Mas a pergunta que fica, diante de uma medida deste nível é: os pais e responsáveis mandarão seus filhos para o colégio em meio a uma pandemia? Acredito que seja muito difícil”, pondera.

As autoridades sanitárias veem com cautela a reabertura das escolas. O entendimento é que a retomada de serviços que gerem aglomeração deve ocorrer quando o número de casos estiverem controlados e a rede de saúde preparada para atendimentos.

Especialistas preocupados

A infectologista Joana D’arc Gonçalves, mestre em medicina tropical pela Universidade de Brasília (UnB), explica que a medida exige análise técnica dos dados.

“É preciso ter a certeza que os casos estão caindo e que não estamos no pico da epidemia. Para isso, temos que ter testado a maior parcela da população para manter o nível de segurança”, destaca.

A especialista avalia que questões climáticas — sobretudo a chegada do inverno —, e a estrutura das escolas para manter as medidas de controle da pandemia devem ser levadas em consideração.

“Quando as escolas voltarem a funcionar, teremos um número grande de pessoas circulando que podem ser assintomáticas e estarem transmitindo. No inverno, nos aglomeramos mais, o que pode elevar as contaminações”, alerta.

Governadores avaliam datas

A Secretaria de Educação de São Paulo também começou a avaliar a data de regresso. O governador do estado, João Doria (PSDB), deve anunciar nesta sexta-feira (24/04) medidas relacionadas às instituições de ensino.

Os paulistas estão organizando a retomada econômica com um plano que divide o estado em zonas de risco. Doria tem chamado o processo de “quarentena heterogênea”.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defende a abertura de colégios militares e cívico-militares. O governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), encomendou um estudo técnico para o regresso das aulas. O documento deve ficar pronto em 10 dias.

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