Sai governo, entra governo, e a Petrobras sofre

Declarações de cunho político sobre a estatal têm derrubado o valor de mercado da estatal com uma constância surpreendente

atualizado 23/11/2022 20:30

Frentista segurando mangueira de bomba de gasolina- Metrópoles Aline Massuca/ Metrópoles

Se a Petrobras pudesse optar, é provável que sairia de fininho da Bolsa de Valores em períodos eleitorais. Mesmo porque, entra governo, sai governo, ela só faz amargar perdas não menos do que bilionárias, provocadas, não raro, por declarações e ações de cunho intervencionista. E elas não ocorrem somente nesses períodos.

Chacoalhadas políticas com forte impacto econômico na estatal têm sido rotineiras, conforme apontam dados reunidos pela Economatica. Em abril de 2019, por exemplo, após intervenção do presidente Jair Bolsonaro na formação dos preços dos combustíveis, as ações despencaram 7,75%, registrando perdas de R$ 32,2 bilhões no valor de mercado da empresa.

Em fevereiro de 2021, a Petrobras perdeu mais de R$ 100 bilhões nesse mesmo quesito, o valor de mercado, em meio à crise gerada pela decisão do presidente Bolsonaro de trocar o comando da estatal. Tudo para, de novo, conter a alta dos combustíveis.

No fim de outubro do mesmo ano, um novo tombo. O presidente defendeu em um de suas lives semanais que a companha deveria assumir um “viés social” e, assim, não fazia sentido almejar um “lucro tão alto”. O viés pode não ter mudado, mas o lucro sofreu forte abalo. Nesse caso, a perda provocada pelas declarações de Bolsonaro alcançou R$ 23,8 bilhões.

Mais dois fortes trancos vieram em março deste ano. O primeiro novamente relacionado ao aumento de combustíveis e, o segundo, à substituição do presidente da companhia. Juntos eles fizeram ruir o valor das ações em R$ 45,3 bilhões.

Com a eleição de Lula, e rumores de toda a sorte em torno de nomes para presidir a empresa que não agradam aos investidores, a cotação  de mercado da empresa vem descendo a ladeira. Os papeis caíram 10,5%, com perdas acumuladas de R$ 82,4 bilhões, desde o fim do segundo turno.

Na avaliação de Felipe Pontes, diretor operacional da Economatica, ainda que os resultados sejam similares, as causas de cada uma dessas fontes de turbulências têm especificidades. “No caso de Bolsonaro, o problema sempre foi a perspectiva de intervenção na política de preços da empresa”, diz. Com Lula, a razão dos temores é diversa. Pontes explica: “Hoje, ela está centrada na preocupação com investimentos que não criam valor para a companhia e com mudanças na política de pagamento de dividendos”.

 

 

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