O endividamento e a inadimplência atingiram níveis recorde no mês de julho, conforme levantamento divulgado nesta segunda-feira (8/8), pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Após três meses em queda, o índice voltou a subir no mês passado e atingiu 78% das famílias brasileiras, maior número registrado nos últimos 12 anos.
A proporção de brasileiros com contas ou dívidas em atraso atingiu 29%, o patamar mais alto desde 2010, início da série histórica.
Os dados integram a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic). O percentual de endividamento nos lares brasileiros apresentou um aumento de 0,7 pontos percentuais em julho, em comparação com o mês anterior. No caso da inadimplência, o aumento foi de 0,5 ponto percentual, também em relação a junho.
A alta dos indicadores de inadimplência, após queda nos meses de abril, maio e junho, indica que as medidas extraordinárias de suporte à renda, como os saques extras do FGTS e a antecipação do 13º salário aos beneficiários do INSS, aparentemente tiveram efeito momentâneo no pagamento de contas ou dívidas já atrasadas, concentrado no segundo trimestre deste ano”, analisa o presidente da CNC, José Roberto Tadros.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o termo desemprego é definido como “a condição de pessoas que se encontram, atualmente, sem emprego formal, mas que estão em busca ou dispostas a aceitar um trabalho caso surja a oportunidade”Vinícius Schmidt/Metrópoles

Seguindo a mesma lógica, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) declara ainda que “não ter um emprego não é o equivalente a não ter um trabalho ou uma ocupação. Por essa razão, não se consideram para o cálculo estudantes, donas de casa e empreendedores”Rafaela Felicciano/Metrópoles

Existem inúmeros motivos que podem ocasionar o desemprego. No Brasil, por exemplo, a causa pode estar vinculada a crise econômica, baixa qualificação dos candidatos, transformações na base produtiva do país, baixa escolaridade, migração do campo para a cidade, crises políticas, falta de investimento social, entre outrosSteve Prezant/ Getty Images

A classificação do desemprego segue quatro tipos identificados a partir de suas causas. São eles: desemprego natural, estrutural, conjuntural e sazonalBlasius Erlinger/ Getty Images

O termo desemprego natural refere-se a condição momentânea e ocasionada por demissão, troca de emprego ou pela recente inserção no mercado de trabalho, no caso de pessoas que estão em busca do primeiro empregoRUNSTUDIO/ Getty Images

Desemprego estrutural tem como causa avanços tecnológicos e a inclusão de novos formatos de produção derivados desse processo. Já o desemprego conjuntural é aquele causado por crises politicas e/ou econômicas que se desencadeiam em escala regional, nacional ou globalPeter Dazeley/ Getty Images

Desemprego sazonal refere-se à condição que se repete periodicamente, ou seja, temporária, e que está relacionada ao setor de serviços, como turismo, por exemploReprodução/Agência Brasil

No país, a metodologia utilizada pelo IBGE para realizar o levantamento da taxa de desemprego é denominada Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNADHugo Barreto/Metrópoles

Segundo a OIT, o cálculo deve excluir as pessoas que se encontram em trabalhos informais ou ainda aqueles que desistiram de procurar um, mesmo estando em condições para tal. Por essas razões, ainda segundo a organização, as estatísticas do desemprego podem ser subestimadasPeter Dazeley/ Getty Images

Entre as principais consequências do desemprego estão: aumento da pobreza, aumento da violência, crescimento do índice de criminalidade e a obvia redução (ou ausência) da renda familiar, que ocasiona a fome, por exemplo. Além do aumento do trabalho infantil, do subemprego, aumento de problemas psicológicos e físicosYellow Dog Productions/ Getty Images

Segundo a OIT, todas essas consequências impactam negativamente na economia e no desenvolvimento social de uma naçãoRafaela Felicciano/Metrópoles
Sem perspectiva de melhora
A pesquisa da CNC mostrou também que houve leve crescimento, de 10,6% para 10,7%, na parcela das famílias que afirmam que não terão condições de pagar as contas atrasadas.
O grupo é composto, principalmente, por consumidores que não concluíram o ensino médio (13%), que também foram os que mais precisaram atrasar pagamentos no próprio mês de julho (33,3%).
Queda nos financiamentos
Outro destaque da pesquisa relacionada ao mês passado é a queda do número de financiamentos de automóveis ou da casa própria. O percentual de famílias que pagaram prestações de financiamento de carros caiu de 12,6% para 10,6%; e no caso dos que arcavam com parcelas de casas, o dado passou de 9,7% para 7,6%.
A CNC aponta como um dos motivos para o menor uso de crédito de longo prazo o crescimento das taxas de juros, que aumentaram em média 5,8 pontos percentuais em um ano, para carros, e 2,8 pontos percentuais, no caso da aquisição de imóveis pelas pessoas físicas.