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As empresas que mais perderam valor na Bolsa desde a eleição de Lula

Levantamento do TradeMap mostra que as maiores empresas da Bolsa perderam R$ 215 bilhões desde véspera do segundo turno; Petrobras é a pior

atualizado

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Mohamed Abdel Hamid/Anadolu Agency via Getty Images
O presidente eleito Lula discursa na COP27, no Egito. Ele aparece sentado diante de microfone, gesticulando, ao lado de mulher negra - Metrópoles
1 de 1 O presidente eleito Lula discursa na COP27, no Egito. Ele aparece sentado diante de microfone, gesticulando, ao lado de mulher negra - Metrópoles - Foto: Mohamed Abdel Hamid/Anadolu Agency via Getty Images

Há diferentes formas de medir o impacto da crise de confiança que se instalou no mercado nos últimos dias, após o futuro presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticar abertamente o teto de gastos e a política de controle de despesas. Uma delas é pelo valor que as empresas da Bolsa de Valores perderam, nesse processo.

Segundo um levantamento feito pelo TradeMap, a pedido do Metrópoles, as maiores empresas da Bolsa perderam R$ 215 bilhões em valor de mercado desde 28 de outubro, a sexta-feira que antecedeu o segundo turno das eleições presidenciais. No mesmo período, o Ibovespa acumula queda de 4%.

Embora o cálculo represente uma perda “virtual”, uma vez que o valor de mercado das empresas varia diariamente, trata-se de um bom retrato do pessimismo dos investidores em relação ao que vem pela frente.

Nos últimos dias, o anúncio de nomes como o de Nelson Barbosa e Guido Mantega na equipe de transição jogou um balde de água fria em quem esperava que Lula fosse se aproximar mais do seu governo de 2003 do que com o governo de sua sucessora, Dilma Rousseff.

Mas o humor dos mercados saiu dos trilhos de vez quando o próprio futuro presidente começou a atacar políticas de controle fiscal como o teto de gastos. Na semana passada, Lula alegou que pessoas estavam sofrendo no país “para garantir a tal de estabilidade fiscal”, e questionou a necessidade de cortar despesas e de ter superávits (quando as receitas do governo ficam acima das despesas).

A perspectiva de uma gestão que gasta mais do que pode levou a uma alta das projeções de juros e inflação para os próximos anos. Nesse cenário, os ativos da Bolsa são duplamente afetados: primeiro porque com juros e inflação altos, a capacidade de crescimento das empresas é menor. E segundo que, com uma Selic na casa dos dois dígitos, a maior parte dos investidores prefere migrar as aplicações da Bolsa para a renda fixa.

Petrobras e bancos em baixa

A empresa que mais perdeu valor no período analisado foi a Petrobras (PETR4), com queda de R$ 64 bilhões em pouco mais de três semanas. A petroleira sofre com a perspectiva pior para os juros e inflação, decorrente do problema fiscal, o que deve afetar sua capacidade de crescimento.

Além disso, a incerteza sobre como o próximo governo, o maior acionista da Petrobras, vai gerenciar as suas decisões estratégicas também deixa o cenário nebuloso – basta lembrar que o plano de controlar os preços dos combustíveis por meio do uso do caixa da empresa esteve na pauta do governo de Jair Bolsonaro e foi, de fato, praticado por Dilma Rousseff, em sua última gestão à frente do país.

Em seguida, os grandes bancos aparecem como vítimas da degola das últimas semanas na Bolsa. Embora os juros elevados ajudem a ampliar as margens das instituições financeiras, pois elas passam a emprestar dinheiro por um custo mais alto, um quadro de Selic acima dos dois dígitos por anos a fio acabará causando um aumento na inadimplência. Por isso, Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4) perderam R$ 65 bilhões, juntos, em valor de mercado.

O retrato do Ibovespa poderia ter sido pior, não fosse o fato de que a Vale (VALE3), maior empresa do índice de ações local, ganhou R$ 68 bilhões desde as eleições, por fatores que estão mais ligados a um plano desenvolvimentista da China para o setor de aço e construção civil.

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