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Crise econômica faz aumentar espera de desempregados por nova vaga

Porcentual de desocupados há mais de sete meses subiu de 24,1%, em janeiro do ano passado, para 33,8% em novembro – o maior nível mensal desde 2006

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Carteira de trabalho
1 de 1 Carteira de trabalho - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Em pouco mais de um ano, o brasileiro saiu do quase pleno emprego para engrossar a fila dos desocupados, sem data para voltar ao mercado de trabalho. Um levantamento feito pela Tendências Consultoria Integrada, a pedido da reportagem, mostra que, com a rápida deterioração da atividade econômica em 2015, o trabalhador está demorando mais tempo para conseguir um novo emprego.

O porcentual de desocupados há mais de sete meses subiu de 24,1%, em janeiro do ano passado, para 33,8% em novembro – o maior nível mensal desde 2006. A faixa que mais cresceu foi a que inclui desempregados entre 7 e 11 meses, cujo porcentual dobrou no período, de 7,3% para 14,2%. Enquanto isso, o porcentual de trabalhadores que conseguia emprego no curto prazo, em até 30 dias, caiu de 29,6% para 20,2%. A faixa entre 31 dias e seis meses ficou estável, com 46% dos desocupados.

Segundo Thiago Xavier, economista da Tendências, a recolocação mais lenta dos trabalhadores desestimula a busca por uma nova vaga e pressiona o aumento da população desalentada, que desiste de procurar emprego. Ele explica que esse grupo de trabalhadores cresceu 17,6% no acumulado de 12 meses até novembro de 2015. No mesmo período do ano anterior, havia queda de 8,25% nessa população. “Em parte, a demora para conseguir emprego também explica a reversão da tendência de crescimento da população economicamente ativa (a partir de outubro).”

Reversão
Os primeiros sinais de deterioração do mercado de trabalho começaram a aparecer em 2014. Embora a taxa de desemprego da Pesquisa Mensal de Empregos (PME), de 4,8%, tenha atingido o menor nível da série histórica, houve redução do número de vagas naquele período. Além da economia já demonstrar fraqueza, o avanço da Operação Lava Jato provocou uma série de demissões em massa na construção civil, que se intensificou no início de 2015

O que mais assusta é a velocidade com que os índices de emprego pioraram. A melhora do mercado de trabalho demorou dez anos para ocorrer, gradualmente. Em poucos meses, boa parte desse ganho se foi.

João Saboia, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Para economistas, o País ainda não atingiu o fundo do poço no mercado de trabalho. A tendência é que os indicadores continuem piorando ainda mais: a taxa de desemprego vai aumentar; a renda, cair; o número de pessoas ocupadas, minguar; e a informalidade, crescer. “Pelos nossos cálculos, é possível que o índice de desemprego (de 8,9%, pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – Caged, do Ministério do Trabalho) alcance os dois dígitos já em janeiro”, diz Xavier.

Vagas fechadas
Alexandre Chaia, economista e professor do Insper, acredita que a taxa de desemprego do Brasil volte aos níveis do início dos anos 2000, na casa de 12%. Isso significaria tirar o emprego de aproximadamente 3 milhões de brasileiros. Entre janeiro e novembro do ano passado, último dado disponível, o País já havia perdido 945.363 postos de trabalho, segundo dados do Caged. Em 12 meses, foram fechadas 1.527.463 vagas.

Chaia afirma que a economia ainda não sentiu todos os efeitos desse avanço do desemprego por causa das indenizações e do seguro-desemprego. “Nessa fase, as pessoas otimizam o consumo, mas não eliminam todos os gastos. A partir do momento que esse dinheiro acaba, elas são obrigadas a cortar tudo. Aí entra a segunda onda de demissões, que será no comércio.” Pelas contas dos economistas, essa segunda rodada deve ocorrer no fim do primeiro semestre e provocar uma piora generalizada da economia

Para os economistas, ainda é difícil vislumbrar uma perspectiva de reversão do desemprego, que é o último a reagir numa recessão A recuperação dos indicadores vai depender da melhora das expectativas, diz Saboia. “O problema é que o cenário interno está muito complexo, seja do ponto de vista econômico ou político. A questão do impeachment precisa ser definida com urgência, seja qual for a decisão, para que o País volte a caminhar em alguma direção.”

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