metropoles.com

Covid-19: setor de seguro de vida tem alta real de 17,5% com a crise

De acordo com a Superintendência de Seguros Privados (Susep), o ramo arrecadou R$ 36,9 bilhões até abril deste ano

atualizado

Compartilhar notícia

Com o Brasil se aproximando das 60 mil mortes causadas pelo coronavírus, a população se viu diante de um sentimento de urgência quanto à necessidade de proteção. Esse é um dos fatores que elevaram a procura por seguros de vida no país, avaliam profissionais ligados ao setor. De acordo com a Superintendência de Seguros Privados (Susep), em 2019 o ramo faturou cerca de R$ 30,6 bilhões até abril. Neste o ano, o valor no mesmo período bateu em R$ 36,9 bilhões. Descontada a inflação, isso representa um aumento real de 17,5% no faturamento do setor.

Priscila Nunes, moradora de Brasília, é um exemplo do porquê do aumento desse tipo de demanda. Cake designer e mãe de duas crianças, ela resolveu se especializar como cuidadora particular e de idosos durante a crise da Covid-19. Com a preocupação da contaminação, optou por contratar um seguro de vida. “Contratei o serviço somente depois da pandemia, devido aos riscos por ter que ir trabalhar”, explica.

Ela também conta que optou por uma empresa que já conhecia: “A escolha da seguradora foi por já conhecer os serviços prestados após o falecimento dos meus sogros”, ressalta.

O superintendente da MAG Seguros em Brasília, Rodrigo Moscoso, confirma o crescimento na demanda e ilustra com um dado do Distrito Federal: “No primeiro trimestre do ano, registramos alta de 51,7% na venda de seguro de vida no DF  em comparação ao mesmo período de 2019”.

“Este aumento tem como justificativa a busca das pessoas por proteção. Elas estão mais conscientes sobre a importância de contar com um planejamento financeiro eficaz”, ressalta Moscoso, que afirma ter mantido os preços praticados nos seus seguros de vida mesmo com o avanço do coronavírus.

Covid-19 incluída por lei

No fim de maio, o Senado Federal aprovou, por unanimidade, a inclusão das mortes decorrentes da pandemia de coronavírus na cobertura dos seguros de vida ou por invalidez permanente.

Rodrigo Moscoso afirma que a MAG Seguros decidiu, espontaneamente, realizar o pagamento integral de todos os benefícios para os casos de morte e invalidez permanente por Covid-19, inclusive para os contratos em que epidemia ou pandemia não estaria coberta.

O superintende também explica, porém, que, para os contratos firmados a partir de 16 de abril, a seguradora, assim como o mercado, adotou a inclusão de carência de 90 dias para cobertura de morte em decorrência da Covid-19.

“A companhia também disponibiliza para os corretores parceiros a ferramenta Venda Digital, que permite a comercialização de todo portfólio da companhia de forma totalmente digital, remota e segura”, acrescenta.

0
Riscos maiores

Ricardo Schwalfemberg, planejador financeiro e sócio da Life Finanças Pessoais, diz: “O seguro de vida é muito importante para qualquer pessoa que sinta a necessidade de proteger quem dele dependa financeiramente, no caso de seu falecimento”.

Ele reconhece que a pandemia expõe a população a riscos maiores do que em condições normais. “Mas, independentemente dela, todos nós vivemos em um mundo onde somos expostos a riscos o tempo todo”, observa.

Schwalfemberg ainda diz: “Contratar um seguro de vida não deveria ser uma atitude motivada pelo pânico, mas pela consciência da necessidade de proteger quem depende de nós e que podem sofrer grandes dificuldades financeiras em caso de nossa falta”, pondera.

Patrimônio

Para o planejador financeiro, essa medida serve até mesmo como um patrimônio. “Como para a grande maioria das pessoas é impossível construir patrimônio suficiente para garantir o sustento dos seus na sua falta, o seguro é uma proteção virtual que se torna patrimônio real nessa situação”, afirma.

Ricardo Schwalfemberg frisa a importância de ter um bom planejador financeiro ou um bom seguro. “Basta dizer que muitas apólices, contratadas por conta do pânico com a pandemia, têm, como cláusula de exclusão, pandemias decretadas por órgãos de saúde, ou situações de calamidade pública”, pondera.

Compartilhar notícia