metropoles.com

Combustível: desafio de Bolsonaro penaliza mais estados que União

Se governadores acatassem a sugestão do presidente, governo abriria mão de apenas 1,7% do total da arrecadação, contra 15% dos estados

atualizado

Compartilhar notícia

Rafaela Felicciano/Metrópoles
Rafaela Felicciano/Metrópoles
1 de 1 Rafaela Felicciano/Metrópoles - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O desafio lançado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) aos governadores — de que zeraria um imposto federal sobre combustíveis, caso os estados façam o mesmo com o ICMS que incide sobre o valor médio cobrado nas bombas dos postos — jogou gasolina (com o perdão do trocadilho) na fogueira político-econômica nesta quarta-feira (05/02/2020).

De um lado, o chefe do Executivo federal culpa os governadores pelo preço salgado da gasolina, diesel e outros combustíveis nos postos. Do outro, líderes estaduais, como João Doria (PSDB-SP), dizem que o presidente da República não pode “jogar no colo” dos governadores tamanha responsabilidade, pois a União tem incidência maior no preço dos combustíveis.

Nesse caso, o tucano está correto. De acordo com a Receita Federal, a União arrecadou R$ 24,6 bilhões com PIS/Cofins cobrados sobre combustíveis em 2019. Já com a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), foram R$ 2,7 bilhões, o que soma quase R$ 27,4 bilhões só com tarifas sobre gasolina, etanol, diesel e outros combustíveis.

Dados do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) mostram que, em 2019, a arrecadação total de tributos federais no Brasil somou R$ 1,54 trilhão.

Alíquotas
Atualmente, o ICMS sobre combustíveis responde por entre 18% e 20% da arrecadação dos estados. As alíquotas cobradas variam por unidade da Federação e podem chegar a 34% no topo para a gasolina, a 25% para o diesel e a 32% para o etanol, segundo dados da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis).

Trocando em miúdos: o governo federal teria que abrir mão de apenas 1,7% do total da arrecadação com impostos, contra 15% que seriam perdidos — em média — pelos estados.

Os impostos federais que incidem sobre os combustíveis são a Cide e o Programa de Integração Social/Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins).

Manobra
Já os governos estaduais têm garantido arrecadação extra, pois a maioria não repassa ao ICMS as variações do preço dos combustíveis nas bombas. É uma manobra que garante mais arrecadação para o estado — no entanto penaliza o consumidor.

A manobra foi criticada por Bolsonaro, que culpou os governadores dos 26 estados e do Distrito Federal pela alta no preço dos combustíveis. No Twitter, o mandatário do país disse que os chefes dos executivos locais não admitem perder receita, mesmo com a queda dos valores cobrados nas refinarias.

Preços baixaram
No último domingo (02/02/2020), Bolsonaro escreveu: “Pela 3ª vez consecutiva baixamos os preços da gasolina e diesel nas refinarias, mas os preços não diminuem nos postos, por que (sic)?”.

No post seguinte, o presidente mesmo responde: “Porque os governadores cobram, em média, 30% de ICMS sobre o valor médio cobrado nas bombas dos postos e atualizam apenas de 15 em 15 dias, prejudicando o consumidor”.

Receita fundamental
De acordo com o diretor do Comitê de Secretários de Fazenda (Comsefaz), André Horta, a estimativa é de que a arrecadação de ICMS sobre a gasolina engorde em R$ 60 bilhões os cofres estaduais em 2020. “Trata-se de receita fundamental para a condução das administrações públicas estaduais”, afirmou.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?