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Dono da Estre confessa propinas em contratos da Transpetro

Wilson Quintella Filho está preso no âmbito da Operação Lava Jato por supostas vantagens indevidas ao ex-presidente da estatal, Sérgio Macha

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Deposito BR – Transpetro
1 de 1 Deposito BR – Transpetro - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Wilson Quintella, dono da Estre, preso na Operação Lava Jato, confessou o pagamento de propinas em contratos da Transpetro ao ex-presidente da estatal, Sérgio Machado. Ele está preso desde quinta-feira (31/1), e a juíza federal Gabriela Hardt impôs uma fiança de R$ 6,8 milhões para que possa deixar o cárcere. O executivo é alvo da Quinto Ano, 59ª fase da Lava Jato, que mira propinas de R$ 22 milhões em contratos que somam R$ 682 milhões na Transpetro, entre 2008 e 2014.

Além de Quintella, também estão presos o advogado Mauro de Morais, e Antonio Kanji, ex-funcionário da Estre, que estão sob suspeita de fazer operações de lavagem de dinheiro da propina. A Receita rastreou mais de R$ 20 milhões destinados ao escritório de Morais. O advogado teria feito saques pouco abaixo de R$ 100 mil para que transações de R$ 9,5 milhões não chegassem ao conhecimento do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

As investigações tiveram como ponto de partida a delação premiada de Sérgio Machado, que afirmou às autoridades ter recebido propinas das Estre para repassar a seu grupo político no MDB.

Segundo o dono da Estre, Sérgio Machado já solicitou pagamento a título de “contribuição”,” doação” ou “apoio político”. Ele afirma que isso ocorreu logo no início da gestão dele, nos primeiros meses; e que “ele disse que tinha demandas para manter o próprio ‘apoio institucional’, pelo que necessitava de “apoio financeiro'”.

Segundo Quintella, Machado “disse que precisava desse apoio financeiro de um grupo seleto de pessoas de confiança”. Machado ainda teria dito que “gostaria de contar com o apoio financeiro das empresas” de Quintella “em montantes entre 1,5 a 3%, ou mesmo até 4%”.

O dono da Estre afirmou que “em momento algum o declarante solicitou pagar qualquer quantia e nem obteve vantagens para suas empresas, inclusive nunca teve um aditivo financeiro aprovado e nem problemas para receber os valores devidos pelos contratos executados”,que o percentual em questão foi solicitado por Sérgio Machado e que assim que Sérgio Machado “fez a proposta aceitou sem imposição de qualquer condição”.

Quintella ainda admitiu que usou Kanji para viabilizar o pagamento de propinas. O ex-funcionário, no entanto, preferiu ficar calado diante das autoridades.

Já Mauro de Morais, segundo consta nos autos, Mauro de Morais foi ouvido pela PF. Alegou que “os valores sacados eram divididos em partes iguais entre ele e Antonio Kanji Hoshikawa, que o havia procurado em 2011 para a elaboração de pareceres na área ambiental para as empresas Estre Ambiental, Pollydutos, Caso Serviços e Estaleiro Rio Tietê, todas integrantes do Grupo Estre”.

Ainda disse que “tratou dos pareceres somente com Antonio Kanji Hoshikawa, nunca tendo conversado com representantes das empresas contratantes”. Morais alegou “não possuir registro da prestação dos serviços. Atribui a ausência de registros a problema técnico que teve em seu computador no ano de 2016”.

Bloqueio
A juíza Gabriela Hardt havia imposto um bloqueio de R$ 20 milhões aos alvos da Lava Jato 59. Nas contas de Quintella, foram encontrados R$ 550 mil. Já Antonio Kanji tinha R$ 830 mil.

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