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Documentário brasiliense mostra bastidores do resgate de ursa no Piauí

Marsha sofria com as altas temperaturas e era alimentada com ração para cachorros, segundo ativistas

atualizado

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Ursa Marsha (@ursamarsha)/Instagram
ursa marsha
1 de 1 ursa marsha - Foto: Ursa Marsha (@ursamarsha)/Instagram

O documentarista brasiliense Vinícius Moreira registrou os bastidores do resgate da ursa-parda Marsha, que emocionou milhares de pessoas em todo o país, em setembro deste ano. O curta-metragem, já finalizado, mostra a luta dos ativistas para retirar o mamífero das condições precárias em que vivia.

A transferência do animal durou quatro dias, após imprevistos provocados por informações desencontradas e problemas técnicos no avião da Força Aérea Brasileira (FAB) utilizado no transporte, da capital do Piauí para o interior de São Paulo.

Marsha ficou conhecida como “a ursa mais triste do mundo” depois que grupos de defesa dos animais denunciaram sua história. De acordo com o relato dos ativistas, o mamífero foi explorado por cerca de 20 anos em um circo do interior do Maranhão, onde era obrigado a fazer truques em troca de alimento.

Veja o documentário:

 

Após ser abandonada, a ursa passou anos vivendo no Parque Zoobotânico de Teresina (PI), sob o calor da cidade (que chega aos 40ºC) e alimentado-se com comida de cachorro, segundo órgãos de defesa dos animais e organizações da sociedade civil.

Maus-tratos e petição on-line
Além do aspecto triste, Marsha guarda diversas sequelas dos maus-tratos sofridos. Quando os ativistas e veterinários chegaram ao alojamento para o resgate, a ursa, mesmo assustada, dançou. Um reflexo do comportamento que ela foi obrigada a ter durante anos. As imagens estão no documentário.

A transferência do mamífero só foi possível após a mobilização de mais de 50 mil pessoas nas redes sociais. Com a petição on-line, os ativistas conseguiram reverter as decisões judiciais anteriores que impediam o resgate do animal, baseadas nos possíveis traumas causados pelo transporte e a adaptação a um novo espaço.

Assim, a ursa foi levada para o Santuário dos Gnomos, em Joanópolis (SP). Lá ganhou um novo nome, dissociado dos truques e agressões: Rawena. Na nova casa, ela conta com um espaço de cerca de 600m², incluindo piscina e caverna.

Resgate documentado
Vinícius Moreira conta que o objetivo inicial das gravações era registrar os esforços das equipes técnicas durante o resgate. Mas, ao acompanhar a transferência do animal, ele entendeu que o propósito era maior.

“Vi a importância de alcançar o público para falar sobre isso e o poder do engajamento e mobilização das pessoas. Ainda há outros ursos em situação semelhante, como a Kátia e o Dimas, que estão no Zoológico São Francisco de Canindé, no Ceará”, contou. O documentário é uma produção da agência Cobra Criada.

Luta incansável
Responsável pela mobilização de ativistas nas redes sociais, a presidente da Confederação Brasileira de Proteção Animal, Carolina Mourão, participou do resgate e é uma das personagens do documentário. “Fiquei muito emocionada. É um registro da importância e da força de nosso trabalho. Agora, seguimos na luta para resgatar mais animais”, afirmou.

De acordo com Carolina, um levantamento mostrou que há pelo menos 10 ursos em situações semelhantes à de Marsha, como Kátia e Dimas, no Ceará. Os ativistas acreditam que o segundo é irmão de sangue da ursa resgatada no Piauí.

“Nós já estamos preparando o resgate da Kátia e do Dimas. Mas, há duas semanas, o governo do Ceará apresentou um parecer dizendo que os animais estão adaptados ao calor e ao ambiente restrito. O laudo técnico foi feito por um veterinário especializado em cães e gatos. Vamos acionar a Justiça pedindo a avaliação de um especialista autônomo que entenda de ursos”, contou.

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