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Detentos diziam temer mortes em presídio no Pará, segundo familiares

O número de mortos no massacre dentro do Centro de Recuperação Regional de Altamira subiu para 58

atualizado

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Bruno Cecim/Ag. Pará
Altamira presidio mortes Pará
1 de 1 Altamira presidio mortes Pará - Foto: Bruno Cecim/Ag. Pará

Calçando sandálias com desenho da boneca LOL, uma adolescente de 17 anos abraça parentes e amigos e, com as cabeças baixas, todos começam a chorar. A jovem está grávida de 8 meses e, desta vez, espera uma menina. Apesar da pouca idade, é o terceiro filho – mas o primeiro que teria com Renan da Silva Souza, de 30 anos, que acabara de ser reconhecido entre os 58 corpos empilhados no Instituto médico-legal. Ele é uma das vítimas do massacre ocorrido no presídio de Altamira (PA).

Um homem puxa uma oração e profere bênçãos à família – a cena do choro e da reza se repete a cada vítima confirmada desde segunda-feira. Ao todo, 18 corpos passaram por necropsia, dos quais 14 foram identificados e dez, liberados.

“O sonho dele era ficar livre para ver a filha”, diz a irmã da vítima, Márcia Silva, de 38 anos. O casal já escolhera o nome da menina: Haila. Segundo conta, Souza estava preso desde o início do ano, suspeito de roubo. Teria audiência na Justiça no início do mês, com chance de responder ao processo em liberdade. “Ele não teve nem chance de se defender”, afirma a irmã.

Mais cedo, uma mulher chegou a desmaiar ao ver o corpo de um familiar no IML. “Segunda-feira meu irmão ia sair, eu estou sem chão, perdi meu mundo”, dizia na frente do IML. “Sem piedade nenhuma essas pessoas perderam a vida. Muitos sem a cabeça… Deus não queria isso. Deus não queria isso! É muita crueldade.”

Entre 7h e 18h30, dezenas de familiares se aglomeraram no local, à espera de seus mortos. Muitos reclamavam da demora, justificada pelo quadro de médicos legistas precário. São seis, ao todo. Equipes auxiliares tiveram de vir de Belém. Em frente ao IML, foram armadas tendas, com distribuição de alimentos, além de serviço de equipes de saúde e de psicólogos. Também eram distribuídas máscaras para atenuar o cheiro de carne em putrefação que impregna o local. A câmara fria do IML tem capacidade para seis corpos, por isso a maioria teve de ser alocada em caminhão refrigerador.

Mulher de Nathan Nael Furtado, Elisa Brandão, de 42 anos, diz não saber lidar com a aflição. “Cheguei a ver a foto só das cabeças e reconheci a dele. Agora, eu não quero entrar lá e ver o meu marido com o pescoço para fora, as pernas para fora e o coração tirado.”

Sem surpresa
Embora o clima fosse de consternação, nem todos demonstravam surpresa. “Eu conhecia o meu irmão, do envolvimento com facção, então sabia que uma hora ou outra poderia acontecer”, diz Joelsio Ferreira, de 33 anos, irmão de Josué Ferreira, de 22. “Quando recebi a lista de mortos por WhatsApp, já estava preparado.”

Segundo as investigações, o massacre foi promovido por líderes da facção local Comando Classe A (CCA) contra integrantes do grupo carioca Comando Vermelho (CV). Nesta terça-feira, 30, os líderes começaram a ser transferidos para cadeias locais e federais. Embora o governo do Pará alegue que o setor de inteligência nada detectou, parentes afirmam que o ataque já era aguardado. “Meu filho comentou que havia um plano dos outros presos para invadir o bloco que ele estava”, diz Maria Regina Sousa, de 43 anos, mãe de Diego Walison Sousa. “Todo mundo sabia que ia acontecer. Só não sabia quando.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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