Há 30 anos o Brasil ia às urnas escolher pela primeira vez o presidente da República. Depois de 21 anos com militares no poder (1964-1985), em 15 de novembro de 1989 mais de 67 milhões de brasileiros votaram para eleger o chefe do Palácio do Planalto. Um século antes, no mesmo 15 de novembro, mas de 1889, era proclamada a República.
Fernando Collor de Melo saiu vitorioso do pleito pós-ditadura. À época, sem urnas eletrônicas e com um processo de apuração mais lento. Três décadas depois, o país, a política e a sociedade mudaram.
Morreram e nasceram outros capítulos da história nacional e internacional. Internet, novos blocos econômicos internacionais, potências, como a extinta União Soviética, mudaram de rumo. As eleições ocorreram após o nascimento da Constituição de 1988.
No Brasil, a economia continua sendo a principal força de tração da política. Em 1989, a hiperinflação era a pauta. Em 2019, o governo defende a necessidade de ajuste fiscal e tenta diminuir o desemprego, que afeta 12 milhões de brasileiros.
Para se ter dimensão das dificuldades financeiras do país em 1989, a inflação chegou a 1.972% ao ano. Para 2019, a estimativa dos economistas consultados pelo Banco Central por meio do boletim Focus é que o índice não alcance 3%.
Na urnas, os números também mudaram. Na comparação do primeiro com o mais recente pleito para presidente, em 2018, o índice de votos nulos aumentou 177%, passando de 3,1 milhões para 8,6 milhões.
Na sociedade, também houve profundas modificações. A população passou de 146, 7 milhões para 210,1 milhões — crescimento de 43% entre 1989 e 2019.

Chico Xavier em colégio eleitoral

Fernando Collor em campanha

Eleitores na fila para votação

Cabina de votação de 1989

Debate do 2º turno das eleições: Lula vs Collor

Montagem da posse de Collor e de BolsonaroArte Metrópoles
Acompanhando o aumento populacional, a taxa de homicídios também cresceu. Os casos passaram de 28.757 mil em 1989 para 51.589 em 2018 (dado divulgado em fevereiro deste ano). Alta de 79%, ignorando a comparação com o volume total de habitantes no país.
Sistema de votação
A urna eletrônica, alvo de desconfiança do presidente Jair Bolsonaro (PSL), teve sua trajetória iniciada em 1989. À época, eleitores de Brusque, em Santa Catarina, votaram pela primeira vez utilizando um computador, em caráter experimental, no segundo turno disputado entre Collor e Luiz Inácio Lula da Silva.
Naquele ano, os tribunais regionais eleitorais (TREs) foram, também pela primeira vez, interligados (mediante canal de voz e dados) a um computador central instalado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília.
Hoje, o processo de votação é totalmente digitalizado. Todos os eleitores votam na urna eletrônica. Bolsonaro defende que o voto impresso seria mais seguro e evitaria fraudes nos resultados. O TSE discorda.

Em função da pandemia de Covid-19, o TSE sugere que o início da campanha seja mantido em agosto, mesmo que o dia da votação seja adiadoDivulgação

Fila em colégio eleitoral Daniel Ferreira/Metrópoles

Durante a campanha, o novo presidente participou de uma carreata na Ceilândia (DF)Rafaela Felicciano/Metrópoles

Votação paralela em FortalezaMarcelo Camargo/Agência Brasil

Fernando Haddad em entrevista durante o 2º turnoRafaela Felicciano/Metrópoles

Agência Brasil

Posse do presidente eleito Jair Bolsonaro

Bolsonaro recebe a faixa presidencial de Michel Temer

Posse do presidente eleito Jair Bolsonaro em Brasília
Proclamação da República
Nesta sexta-feira (15/11/2019), além dos 30 anos da primeira eleição direta pós-ditadura, a data também é marcada pela Proclamação da República — feriado nacional.
Na data, em 1889, os republicanos derrubaram os monarquistas. A forma como a abolição da escravatura ocorreu, em 1888, desagradou e enfraqueceu a corte. Políticos monarquistas foram presos e a família Real recebeu ordem para deixar o país.
Com isso, há 129 anos era extinto o Império do Brasil, banindo a monarquia constitucional parlamentarista e criando o Governo provisório republicano.