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Crise no AM: 30 pacientes morreram após serem transferidos por falta de oxigênio a outros estados

No total, 511 pacientes foram transportados a outras unidades federativas. Desses, 152 se recuperaram da Covid-19 e já voltaram ao estado

atualizado

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Foto: Hugo Barreto/ Metrópoles
Passageiros são transportados de Manaus a outros estados após sistema de saúde da capital colapsar
1 de 1 Passageiros são transportados de Manaus a outros estados após sistema de saúde da capital colapsar - Foto: Foto: Hugo Barreto/ Metrópoles

Ao menos 30 pacientes morreram após serem transferidos de hospitais do Amazonas a unidades de saúde de outros estados, no âmbito da “operação de guerra”, iniciada em 15 de janeiro, depois de o sistema de saúde do estado entrar em colapso.

A informação foi levantada pela Secretaria de Saúde do Amazonas (Sesam) a pedido do Metrópoles. Até a noite dessa quinta-feira (4/2), 511 pacientes foram transportados a outras unidades federativas (UFs). Desses, 503 tinham Covid-19, e oito, câncer.

O número é bem maior (aumento de 117,4%) do que o previsto inicialmente. No dia 15, quando foram transportados os primeiros pacientes em aviões da Força Área Brasileira (FAB), o governo do Amazonas informou que 235 pessoas seriam levadas a outras UFs.

De acordo com dados do Ministério da Defesa, a FAB já realizou 53 voos para remoção de pacientes, em um total de 1.280 horas.

A operação, que conta com o apoio do governo federal, foi deflagrada após hospitais do Amazonas não terem mais oxigênio suficiente para tratar os pacientes diagnosticados com o novo coronavírus, em meio ao aumento do número de hospitalizações – o que afetou também internados portadores de outras doenças.

Lotadas, as unidades de saúde do estado não eram capazes de receber mais pacientes, o que fez com que muitas pessoas morressem dentro da própria casa, à espera de uma vaga de leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em Manaus (AM).

Foi na mesma sexta-feira (15/1) que a capital do Amazonas, inclusive, registrou o maior número de enterros, desde o início da pandemia de Covid-19, em um só dia: 213. Em Manaus, as retroescavadeiras “viraram” coveiros ante a alta de sepultamentos.

Apesar das cinco centenas de pacientes transferidos, no entanto, a taxa de ocupação de leitos de UTI para Covid-19 continua alta. Dados da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM) indicam que, hoje, 93,4% dessas vagas estão ocupadas.

Mortes

Uma das últimas vítimas era uma mulher que estava internada em estado gravíssimo no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG), em Goiânia. Ela morreu às 22h50 dessa quarta-feira (3/2), após complicações geradas pela Covid-19.

Ela é uma das 48 pessoas que foram transferidas do Amazonas para Goiás, em virtude da crise gerada pelo colapso do sistema de saúde local. A capital de Goiás é a cidade que mais recebeu pacientes com o novo coronavírus vindos de Manaus (AM).

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Esse é o 10º óbito registrado entre os pacientes transferidos para Goiás, desde o dia 18 de janeiro. De acordo com a nota de falecimento, divulgada pelo hospital, ela estava internada em uma UTI e recebia ventilação mecânica invasiva.

Em nota, o governo do Amazonas informou que presta todo o auxílio às famílias dos pacientes, com acompanhamento de equipe psicossocial. Todo o processo de emissão de passagens do familiar e serviço funerário é realizado pelo estado.

“O traslado de corpos de pacientes é realizado em um avião da Casa Militar do Governo do Amazonas. Um familiar do paciente é enviado para a cidade de destino para acompanhamento dos trâmites funerários e traslado do corpo”, esclareceu.

Recuperados

Por outro lado, pelo menos 152 pacientes curados da Covid-19, a doença do novo coronavírus, já haviam retornado, até a madrugada dessa sexta-feira (4/2), ao Amazonas. Esse dado também foi levantado pela Secretaria de Saúde do estado.

Um desses pacientes recuperados se chama Gutemberg Batista, de 37 anos. Acompanhado de outros seis curados, ele pousou na madrugada dessa sexta no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus, após ser transferido a São Luís (MA).

Na capital do Amazonas, ele esteve internado no Hospital Platão Araújo. “Foram 19 dias de luta. Cheguei praticamente sem vida no Maranhão, mas fui bem recebido pela equipe do hospital, que me deu todo o apoio. Eu só tenho que agradecer”, conta.

Já a professora Maria Ivonete Souza Ramos, de 58 anos, também venceu a Covid-19 e foi recebida pela filha nessa quarta-feira. Dona Maria foi transferida de Parintins, distante 369 quilômetros de Manaus, para Natal (RN) e diz estar feliz com a recuperação.

“Fomos atendidos no hospital de campanha e tivemos um tratamento digno. Só tenho a agradecer a Deus por estar voltando para a minha terra recuperada, pois essa doença não foi fácil. Estou feliz por essa vitória”, relata a educadora.

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