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Com saúde em colapso, isolamento é menor do que no início da pandemia

O percentual no país é menor do que o de fevereiro do ano passado, quando começaram os casos – e a taxa era de 38,4%

atualizado

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SILVIO AVILA
Há 122 leitos ocupados na CTI do Hospital das Clínicas
1 de 1 Há 122 leitos ocupados na CTI do Hospital das Clínicas - Foto: SILVIO AVILA

No momento em que a saúde no país já está em colapso em várias regiões do Brasil, medidas de restrição mais severas, como lockdown e toque de recolher, foram implementadas por governadores de diversos estados e muitos prefeitos. Contudo, apesar dos esforços das autoridades, apenas 35,9% da população está respeitando as iniciativas de isolamento social destinadas a conter a disseminação de Covid-19.

Segundo levantamento feito pelo Metrópoles, com base nos dados do Mapa Brasileiro da Covid-19, o percentual atual é menor do que o verificado no início da pandemia, quando as primeiras ações relacionadas ao coronavírus começaram no país, com a repatriação dos brasileiros que viviam em Wuhan, cidade chinesa epicentro da infecção. Na época, a taxa era de 38,4%.

Hoje, o Brasil enfrenta situação crítica, estando entre as nações que lideram a lista de maior número de mortes decorrentes do novo coronavírus – já são quase 300 mil.

A situação nos estados é preocupante. Na última sexta-feira (19/3), o Fórum Nacional de Governadores informou que 11 medicamentos podem faltar nos hospitais nas próximas semanas. Ao menos 18 estados reclamaram da escassez de analgésicos, sedativos e bloqueadores neuromusculares, usados para a intubação de pacientes em unidades de terapia intensiva (UTIs).

Além do medo em relação à possível falta de medicamentos e de oxigênio, o país enfrenta crescimento explosivo na taxa de ocupação de leitos nas UTIs. O Distrito Federal chegou ao limite, com índice de 99% das vagas ocupadas na sexta (19/3). Por causa do drama na saúde, o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), decidiu prorrogar o lockdown e o toque de recolher por mais uma semana. Mas, segundo dados, somente 31,21% dos brasilienses estão respeitando o isolamento social na capital do país.

Os que mais respeitam o isolamento. Veja ranking:

Entre os estados que lideram o ranking de respeito às medidas de restrição tomadas por causa do coronavírus, estão Piauí (44,90%), Pará (43,03%), Amapá (41,98%), Ceará (41,75%) e Pernambuco (40,98%). No entanto, mesmo que a taxa de isolamento social seja maior nessas unidades federativas, os números ainda são preocupantes. Isso porque nem metade da população está cumprindo a quarentena, independentemente da localidade.

E os que menos respeitam. Veja ranking:

Enquanto isso, há também os estados que mais desrespeitam o isolamento social, mesmo em meio à alta de mortes devido à Covid-19 no país. São eles: Mato Grosso do Sul (29,42%), Santa Catarina (29,44%), Espírito Santo (29,88%), Paraná (30,70%) e São Paulo (30,82%).

Além desses, há outros locais com baixo índice de cumprimento das medidas restritivas, incluindo regiões em que os leitos de UTIs são precários, como o Rio Grande do Sul. O estado é o 10º no ranking dos que menos respeitam o isolamento social.

Recentemente, o RS chegou a bater recorde de mortes diárias em toda a pandemia: 502. De acordo com os últimos dados, o estado tem um total de 15.819 vítimas da Covid-19.

Bolsonaro e “estado de sítio”

Na sexta-feira (19/3), o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), protocolou ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a Bahia, o Rio Grande do Sul e o Distrito Federal. A medida foi tomada por causa dos decretos dos governadores dessas unidades federativas, que restringiram atividades devido à alta no número de mortes. Para o mandatário do país, os governantes decretaram “estado de sítio“.

Segundo o chefe do Executivo, não há previsão legal para o toque de recolher, que tem sido adotado em algumas unidades da Federação.

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