CNJ decide afastar juiz acusado de assediar 96 vítimas em São Paulo

Por unanimidade, o conselho determinou o afastamento cautelar e a instauração de um processo administrativo contra Marcos Scalercio

atualizado 06/09/2022 19:50

Juiz Marcos Scalercio é acusado de assédio sexual Reprodução / Instagram

O Conselho Nacional de Justiça decidiu, por unanimidade, afastar de forma cautelar o juiz do Trabalho Marcos Scalercio, acusado de assediar e praticar violência sexual contra 96 vítimas. Os magistrados também determinaram a instauração de um processo administrativo contra o acusado.

Scalercio atua no Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, de São Paulo, e era conhecido por dar aulas em cursinho preparatório para concurso.

Os relatos de abuso vieram à tona em agosto. As vítimas relatam que foram agarradas e beijadas à força, abordadas de forma inapropriada nas redes sociais e sofreram retaliações ao negarem manter relações com ele. Os casos de agressões, ocorridos entre 2014 e 2020, foram reunidos pela Me Too Brasil.

Segundo a organização, dos 96 relatos, 26 foram encaminhados ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e ao CNJ, enquanto os outros 70 foram recebidos pela rede Me Too Brasil. Entre as denúncias, seis são casos de estupros.

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Em seu canal do YouTube, com mais de 22 mil inscritos, o juiz é elogiado pelas analogias e humor ao tratar dos assuntos jurídicos. O magistrado apagou as publicações no Twitter e no Facebook após a repercussão do caso.

No entanto, a partir da divulgação das denúncias, ex-alunos da Damásio Educacional, onde Scalercio lecionava, passaram a relatar, nas redes sociais, que ele se aproveita de sua posição para praticar assédios: “Dava em cima de várias alunas. Dava desculpa de ‘me chamar lá no insta, que esclareço’, e quando chamavam, ele já dava em cima”, diz uma postagem. Em outra, uma mulher afirma: “Chocada [com a notícia de assédio], mas nem tanto”.

O que diz a defesa

Em nota, a defesa de Scalercio afirmou que as acusações formais conhecidas pelo magistrado foram julgadas e arquivadas por duas vezes pelo TRT-2, “em órgão composto majoritariamente por mulheres”.

“Marcos e sua defesa sustentam sua inocência, respeitam o posicionamento do CNJ, e aguardarão disponibilização dos votos para decidirem sobre próximas medidas”, pontuou.

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