metropoles.com

Caso tenebroso de cirurgião esquartejador vira livro e série. Relembre

Farah Jorge Farah foi autor de um dos crimes que mais chocou o país: em 2003, matou a amante, esquartejou o corpo e o colocou em sacos

atualizado

Compartilhar notícia

Foto: Reprodução/GloboNews
Farah_Jorge_Farah_2
1 de 1 Farah_Jorge_Farah_2 - Foto: Foto: Reprodução/GloboNews

São Paulo – Um dos crimes que mais chocaram o país pode ter sido inspirado em outro episódio cruel. O caso do cirurgião plástico Farah Jorge Farah – que assassinou em 2003 sua ex-amante e paciente e depois esquartejou o corpo – muito se assemelha ao “crime da mala”, ocorrido em 1908.

Essa curiosidade foi levantada pela jornalista Patrícia Hargreaves, que passou quase dois anos pesquisando o caso bárbaro que levou Maria do Carmo Alves à morte em São Paulo. Em seu livro recém-lançado, O Médico que Virou Monstro, a autora conta as histórias por trás do caso.

0

Para ela, uma das descobertas mais chocantes é a semelhança com este outro caso: “Em 1908, um libanês chamado Michel Trad matou e esquartejou seu sócio, o comerciante sírio Elias Farhat, por ter um caso com sua mulher. Ele chegou a tentar embarcar em um navio com partes do corpo do homem em uma mala, de onde veio o nome do crime, mas acabou pego”, conta.

O crime

Maria do Carmo Alves era paciente de Farah Jorge Farah. Ela o procurou para a retirada de um cisto. No entanto, as recorrentes visitas para refazer curativos foram tidas, mais para frente, como um caso entre os dois.

De acordo com a família da vítima, a mulher chegou a buscar o profissional novamente para a retirada de um novo cisto no abdômen, mas ficou consternada com a cicatriz que resultou do procedimento. Como era muito vaidosa, a situação se tornou uma questão traumática, o que a levou a uma obsessão.

“A quebra do sigilo telefônico dela mostrou 5.800 ligações feitas para o consultório do médico, familiares e para o próprio telefone dele. Isso tudo em um período de 8 meses, o que dá cerca de 190 ligações por dia”, conta Patrícia.

0

Segundo a escritora, é como se, naquele momento, Farah fosse a labareda e a amante, o vento, ajudando a acender o que já existia ali, o lado psicótico do doutor. Em 24 de janeiro de 2003, Maria do Carmo foi ao consultório de Farah para um procedimento de lipoaspiração.

Neste dia, uma sexta-feira véspera de feriado, Farah liberou sua secretária mais cedo, algo incomum. Em depoimentos, ele diz que Maria do Carmo chegou com uma faca tentando ameaçá-lo, mas o objeto nunca foi encontrado. Farah Jorge Farah matou a mulher, na época com 46 anos, e buscou dificultar a identificação do cadáver.

Ele arrancou a ponta de todos os dedos da vítima, tirou as vísceras e guardou os restos mortais em cinco sacos plásticos, que deixou no porta-malas de seu carro. Depois, confessou o que fez a sua sobrinha, que acionou a polícia.

Condenação e morte

Em 2014, Farah Jorge Farah recebeu pena de 14 anos e 8 meses de prisão pelo crime, inicialmente em regime fechado. O médico acabou não detido porque uma decisão de Supremo Tribunal Federal (STF), que o permitiu que cumprisse a pena em liberdade.

Mas isso mudou em 2017, quando o Superior Tribunal de Justiça (STJ) ordenou que o cirurgião começasse a cumprir a pena imediatamente. Um dia depois, a Polícia Civil foi à casa de Farah, na Vila Mariana, zona sul de São Paulo, para capturá-lo, mas se surpreendeu com o que encontrou: o médico estava morto e vestido com trajes femininos.

Ele havia injetado silicone nos seios e nas nádegas e apresentava um corte na perna. A perícia apontou que o médico cometeu suicídio por meio de corte das vias femorais, que levam ao coração o sangue que vem dos membros inferiores.

Além disso, antes de tirar a própria vida, o criminoso realizou uma espécie de ritual com uma música fúnebre, e chegou a dizer a vizinhos que não voltaria para a cadeia.

“A curva de deterioração da sanidade mental de Farah é impressionante. E a morosidade da Justiça colaborou muito para a existência do que aconteceu ali”, afirma a autora.

Série documental

A história contada por Patrícia Hargreaves será base para uma série documental da Boutique Filmes, mesma produtora de Elize Matsunaga: Era uma Vez um Crime. Ainda não há previsão de lançamento.

“Contar essa tragédia em detalhes é fundamental para que ela não se perca. A sociedade precisa aprender com suas falhas. Só assim haverá evolução”, acredita a escritora.

Um dos destaques da produção deve aparecer na questão do luminol. Este foi o primeiro crime no país desvendado utilizando a substância. Ela auxilia na identificação de vestígios de sangue no ambiente mesmo depois de limpo.

Na época, o investigador, o mesmo do caso Chico Picadinho, afirmou ter encontrado sangue até no teto do consultório.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?