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Técnicos de entidades ligadas à arquitetura e urbanismo detalharam prejuízos decorrentes dos atos de 8 de janeiro em Brasília, nesta quinta-feira (16/2), durante sessão promovida pela Câmara Legislativa do Distrito Federal. Um dos dados levantados mostra que 81,25% dos bens atingidos na Câmara dos Deputados estão totalmente restaurados e já colocados nos locais de origem.
“Nossa democracia está inserida naqueles bens que foram quebrados. No momento que esse bem retorna ao seu lugar, totalmente restaurado, também há um grande simbolismo nisso. Mostramos que não fomos quebrados”, afirmou Gilcy Rodrigues Azevedo, diretora da Coordenação de Preservação de Conteúdos Informacionais da Câmara dos Deputados.
Servidora há mais de 30 anos, ela chorou no início da fala, quando detalhou o cálculos de dados e restaurações. Gilcy detalhou ainda que foram afetados 45 presentes protocolares, dados por autoridades estrangeiras aos parlamentares, como vasos, pratas e outros objetos de arte em geral.
A sessão contou com a presença do presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass. O ex-distrital comentou que o órgão vem preparando relatórios com os danos sofridos durante a tentativa de golpe.
Grass ressaltou, ainda, que o papel do Iphan é orientar a restauração, a partir dos critérios de tombamento do conjunto arquitetônico de Brasília.
“Esses ataques são à civilização. É grave a postura de determinados agentes, por ação ou omissão, que permitiram e provocaram aquilo que a gente assistiu. […] Temos preocupação com determinados instrumentos que dizem respeito à gestão urbanística do Distrito Federal, porque isso pode, de alguma maneira, se não for bem tratado, colocar em risco o nosso título de patrimônio mundial”, disse.
Bens destruídos e incêndios
O presidente do Iphan pontuou, também, que há três tipos de bens destruídos: móveis, imóveis – como edificações –, e integrados – como tapeçarias e painéis que se acoplam aos edifícios. Grass afirmou que ainda não se sabe exatamente quanto vai custar, ao final de tudo, toda a restauração, com destaque para as ações criminosas no prédio do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Houve um emprego do ódio no STF muito grande. Teve até tentativa de incêndio, tentaram colocar fogo”, criticou. Luiz Sarmento, presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento do Distrito Federal, comentou sobre os simbolismos da tentativa de golpe.
“É assustador ver em vídeos pessoas empunhando a bandeira nacional, que é o símbolo do nosso país, e destruindo símbolos da nossa nação tão importantes quanto. Há uma incompreensão do nosso país. […] Houve tentativa de incêndio muito bem construída. Tentaram incendiar os dois extremos do Congresso. Isso, se tivesse tido êxito, nós teríamos o que aconteceu na Alemanha com a sessão nazista, que foi o incêndio do parlamento alemão.”
O debate foi promovido após requerimento do deputado distrital Fábio Felix (PSol). “A gente está falando do emprego do ódio a partir de uma tentativa de golpe de Estado. A Câmara Legislativa tem assumido o papel de investigar através da Comissão Parlamentar de Inquérito”, lembrou.