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Brumadinho: “Estamos cavando com as mãos”, diz irmão de desaparecido

Familiares do agricultor Paulo Geovane dos Santos procuram o corpo sumido no meio da lama que invadiu a cidade mineira

atualizado

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Igo Estrela/Metrópoles
Lindomar e o pai, Pedro Reis
1 de 1 Lindomar e o pai, Pedro Reis - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Enviada especial a Brumadinho (MG) — Com as roupas sujas de lama, Lindomar de Fátima Santos, 35, busca desesperadamente por ajuda em um dos centros de apoio montados no Córrego do Feijão, palco da tragédia que resultou do rompimento de uma barragem em Brumadinho. Desde sexta-feira (25/1), ele e a família procuram por seu irmão, o agricultor Paulo Geovane dos Santos.

“Estamos cavando com as mãos, mas não conseguimos mais. Estamos machucados, esgotados. Desistimos de pedir ajuda ao governo. Só queremos uma máquina para tirar ele de lá”, clamou.

Ele conta que, quando a barragem rompeu, Paulo, de 40 anos, dormia no sítio que divide com o pai, perto do córrego. A última notícia que tiveram dele veio de uma mensagem enviada para a esposa, Suely de Oliveira Costa, de 38 anos. “Vou dormir. Estou te esperando”, dizia o texto. Suely estava na residência do casal, em Brumadinho, e recebia uma visita em casa. Cinco minutos depois, viu a notícia do desastre na televisão.

No auge do desespero, e sem saber como acionar as autoridades, a família reuniu galhos de árvores em meio ao rejeito em busca de chamar a atenção dos helicópteros dos bombeiros. Até o momento, essa e outras ações não obtiveram o único resultado esperado: encontrar Paulo.

Suely conta que chegou a nadar na lama em busca do marido. Até o momento, os esforços não trouxeram resultados. “Ele disse que ia dormir e que estava me esperando”, lembrou, com lágrimas nos olhos.

Pai e filho
O pai de Paulinho, como é conhecido pela família, Pedro Reis Nascimento, tem 84 anos. Ele conta que não conseguiu comer ou dormir desde que o desastre invadiu a sua vida familiar.

“É uma dor muito grande. Temos que encontrá-lo”. O patriarca faz questão de acompanhar a família desde domingo (27/1). “Vim para ver o que podemos fazer. Eu sinto que ele está aqui. Temos que tirar o corpo. Precisamos tirar”, afirmou.

Pedro Reis estava em outro município quando a barragem rompeu. Ele, que costuma ficar no sítio, não presenciou a tragédia. A propriedade deles tinha 250 metros quadrados, e o lote era dividido em três casas. Por lá, criavam porcos e cultivavam hortas.

A família se queixa, em uníssono, da falta de informações das autoridades. “Nós não temos ajuda, não temos socorro. Como podemos encontrar ele?”, dispara Sonia Barbosa Monteiro, cunhada de Paulo.

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Desastre
A barragem Mina Feijão, em Brumadinho (MG), rompeu-se por volta das 13h de sexta-feira (25). O vazamento de lama fez com que uma outra barragem da Vale transbordasse. O restaurante da companhia foi soterrado. O prédio administrativo também foi atingido.

via GIPHY

A lama se espalhou pela cidade e moradores precisaram deixar suas casas. Equipes de bombeiros e da Defesa Civil foram mobilizadas para a área e estão em busca de vítimas. Tanto o governo federal quanto o local montaram gabinetes de crise e deslocaram autoridades para a região.

Veja fotos da tragédia de Brumadinho:

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