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Artista diz ter sido vítima de racismo em loja de bairro nobre em SP

“Só nós sabemos o quão desconfortável é entrar em lojas e se sentir observado como se fôssemos cometer um crime”, escreveu Tainá Lima

atualizado

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Reprodução/Instagram
Artista acusou segurança da loja Papel Craft de racismo
1 de 1 Artista acusou segurança da loja Papel Craft de racismo - Foto: Reprodução/Instagram

São Paulo – A artista plástica Tainá Lima afirmou que foi vítima de racismo em uma unidade da rede de papelarias Papel Craft no Jardins, bairro nobre da zona sul de São Paulo. Em um relato publicado no Instagram, ela disse que foi até a loja para comprar um papel de presente e acabou destratada pelo segurança.

“Perguntei sobre uma embalagem que eu havia curtido e a vendedora perguntou o que eu iria embrulhar. Então fui tirar da bolsa os presentes e do nada brotou um segurança na minha frente extremamente agressivo dizendo no imperativo que eu tinha que sair da loja imediatamente porque não podia vender nada dentro dela”, relatou.

“Respondi que eu não estava vendendo nada e perguntei porque ele veio perguntar isso logo pra mim e não para as outras pessoas brancas dentro da loja. Sim, eu era a única negra. Eu e o segurança. Eles treinam os nossos contra a gente mesmo”, acrescentou Tainá, que faz obras e murais artísticos em prédios de São Paulo e Belo Horizonte.


“Eu normalmente evito mexer na minha bolsa quando entro em lojas. E essa é uma realidade coletiva de pessoas pretes. Só nós sabemos o quão desconfortável é entrar em lojas e se sentir observado como se fôssemos cometer um crime, e se sentir medido da cabeça aos pés”, afirmou.

Tainá, conhecida artisticamente como Criola, chamou a situação sofrida de “criminosa” e disse esperar que ela não ocorra com mais nenhuma pessoa negra.

“Agora o mais absurdo é que a vendedora chegou a pedir desculpas para o segurança, talvez numa tentativa dele ir embora e parar com a ação, não sei. Logo depois ele me pediu desculpas, ok. Mas vamos lá, Papel Craft, desculpas não apaga a situação deselegante e criminosa que vivi dentro da loja de vocês”, afirmou.

“E exijo que vocês treinem esse segurança porque ele faz o que é instruído para fazer. Assim como a polícia, o segurança é o capitão do mato contemporâneo. Independente de ser uma pessoa preta vendendo algo ou não é INADMISSÍVEL que esse seja o tipo de tratamento em situações como essa. Racismo é crime!”, concluiu.

Em nota publicada nas redes sociais, a Papel Craft disse que o segurança “não possui nenhum vínculo” com a loja e que atua como segurança no quarteirão. “Tampouco compactuamos com sua conduta. Ficamos surpresos com a situação, pois o funcionário não possui autorização para entrar na loja nem para fazer nenhum tipo de abordagem”, escreveu a empresa.

“Consideramos o episódio lamentável e nos desculpamos, mesmo sabendo que desculpas não diminuem a importância do incidente”, acrescentou a marca.

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