metropoles.com

Após pedido de cassação, Damares nega omissão em crise dos Yanomami

Ex-ministra dos Direitos Humanos diz que sua pasta não tinha responsabilidade de executar ações de socorro e que encaminhou denúncias

atualizado

Compartilhar notícia

Rafaela Felicciano/Metrópoles
Foto colorida de Damares Alves
1 de 1 Foto colorida de Damares Alves - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) divulgou um vídeo nesta sexta-feira (10/2) para negar que tenha se omitido em relação à crise humanitária que atinge os indígenas Yanomami enquanto foi ministra dos Direitos Humanos no governo Bolsonaro.

A manifestação de Damares vem um dia após a bancada do PSol na Câmara dos Deputados ter enviado uma representação ao Conselho de Ética do Senado pedindo a cassação da parlamentar por quebra de decoro e por ter, segundo o documento, “utilizado a máquina pública como um instrumento para uma política etnocida e racista contra os povos indígenas”.

Um relatório da Missão Yanomami, divulgado pelo Ministério da Saúde já sob o governo Lula, mostrou que a mortalidade infantil entre os Yanomami é 10 vezes maior que a do Brasil, tendo atingido 114,3 a cada mil nascimentos em 2020.

De acordo com os dados, as mortes de bebês recém-nascidos representaram quase 60% dos óbitos em menores de um ano de 2018 a 2022. Para o relatório, isso revela falha na atenção à gestação, ao parto e aos cuidados recebidos no nascimento. O documento indica a desnutrição como uma das principais causas de óbito de crianças. A Missão Yanomami foi realizada de 15 a 25 de janeiro.

Para Damares, tudo de que é acusada não passa de “mentiras da esquerda”. A parlamentar alegou que seu ministério não tem funções executivas e que encaminhou todas as denúncias que recebeu em seus canais de atendimento sobre a crise Yanomami para os órgãos responsáveis: Fundação Nacional do Indígena (Funai); Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e Ministério Público Federal.

“Eu era ministra dos Direitos Humanos, da Mulher e da Família. A Funai não estava no nosso ministério. Eu não posso ser responsabilizada por uma atribuição que não era minha”, argumentou Damares.

A ex-ministra argumentou que a crise humanitária entre os Yanomami já dura décadas e defendeu as ações do governo Bolsonaro no cuidado com os povos originários. “Temos uma questão logística e mesmo assim fizemos muito. Esse governo não se omitiu”, afirmou ela.

“Muitas mortes aconteceram no passado. Os antigos ministros [de Direitos Humanos] também vão responder por genocídio? Desnutrição e morte entre os Yanomami são históricas. Espero que agora, com todo esse barulho, de fato o Brasil encontre as soluções para os problemas do povo Yanomami, que existem há décadas”, reformou Damares.

Sobre o pedido de cassação, Damares afirmou que, pelo regimento, não pode ser julgada por ações ocorridas antes do início de seu mandato, que foi este ano. “Mas vou me defender nas ações que aconteceram, tenho todos os documentos que provam que não me omiti”, afirmou.

Veja a íntegra das explicações da senadora Damares Alves:

Compartilhar notícia