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Ao bater no STF, talvez Heleno ganhe mais uma medalha

General diz o que o presidente gostaria de dizer, mas não pode

atualizado

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General Augusto Heleno durante Demonstração operativa dos fuzileiros navais da operação Formosa durante agenda do presidente bolsonaro 3
1 de 1 General Augusto Heleno durante Demonstração operativa dos fuzileiros navais da operação Formosa durante agenda do presidente bolsonaro 3 - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

O que parece mais grave? O general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, insinuar que Jair Bolsonaro poderá ser vítima de um novo atentado? Ou dizer que só tomando duas doses de Lexotan na veia para aguentar as decisões do Supremo Tribunal Federal que contrariam o governo?

O mais grave talvez seja o fato de que o responsável pela vida do presidente da República, com acesso às informações mais sigilosas produzidas pelo sistema de inteligência do país, disse todas essas idiotices em reunião com seus subordinados e só mais tarde descobriu que fora gravado.

Não se descarta, porém, a hipótese de que o próprio general ordenou o vazamento e agora finge ter sido surpreendido por ele. Essa gente dos porões é esperta e dissimulada. Militares de alta patente e espiões em geral que os servem sabem muito bem lidar com informação e contrainformação.

As declarações de Heleno foram feitas na formatura do Curso de Aperfeiçoamento e Inteligência, para agentes já em atividade na Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Se ele nada teve a ver com o vazamento, supõem-se que um rigoroso inquérito será aberto para apurar tudo e que cabeças da Abin rolarão.

De toda forma, o que ele disse, e Guilherme Amando, colunista do Metrópoles, publicou com exclusividade, certamente agradou em cheio a Bolsonaro.  Heleno afirmou que o Supremo tenta esticar a corda até arrebentar sua relação com o Poder Executivo. E que rezará para que Bolsonaro não sofra um atentado ano que vem.

“Eu, particularmente, que sou o responsável, entre aspas, por manter o presidente informado, eu tenho que tomar dois Lexotan na veia por dia para não levar o presidente a tomar uma atitude mais drástica em relação às atitudes que são tomadas por esse STF que está aí” – afirmou o general.

Quer dizer: sem o Lexotan, ele poderia levar o presidente a “tomar uma atitude mais drástica” em relação ao Supremo. Que atitude seria essa? Fechar o Supremo? Simplesmente ignorar suas decisões daqui para frente como Bolsonaro disse que o faria em comício do 7 de setembro em São Paulo? É de golpe que se trata?

Heleno entende de golpe. Ele foi chefe de gabinete do general Sílvio Frota, comandante do Exército, e à época, líder da linha dura do regime militar de 64, obcecado com o comunismo. O presidente Ernesto Geisel, general como ele, o demitiu em outubro de 1977, e Frota tentou derrubá-lo, mas o golpe fracassou.

Quanto às orações para abortar o risco de um atentado contra Bolsonaro… Heleno saberá de algo que se trama? Se souber, deveria fazer o que lhe cabe: repassar as informações à Polícia Federal para que investigue e reforçar a segurança do presidente. Falar em público sobre o assunto não desestimula os que tramam.

A não ser que ele não saiba de coisa alguma, que queira apenas extrair vantagem política do atentado à faca que Bolsonaro sofreu em Juiz de Fora em setembro de 2018. Outra vez agradou o presidente. Talvez Heleno seja agraciado com mais uma medalha por relevantes serviços prestados ao seu amado chefe.

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