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9 pecados cometidos pelos restaurantes

Há mais de 40 anos frequento bares e restaurantes… Ao longo desse tempo, observo muitos, muitos pecados cometidos por esses estabelecimentos. E, para alguns tantos, não existe reza que dê jeito

atualizado

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Bárbara Cortez/Divulgação
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Há mais de 40 anos frequento bares, restaurantes, bistrôs, quitandas, feiras… É uma paixão de infância, herdada da minha mãe e minha avó, que amavam a boa mesa. Elas faziam questão de me oferecer desde a mais tenra idade diferentes sabores em casa ou em restaurantes. E, com o passar dos anos, me tornei uma contumaz observadora desses locais.

Muitos, muitos pecados são cometidos e, para alguns tantos, não existe reza que dê jeito. Com certeza, essas atitudes me irritam e já te irritaram também. Atenção, queridos donos de restaurantes. A crise tá feia. E nem vou falar aqui do péssimo atendimento da grande maioria das casas.

SERVIR A BEBIDA O MAIS RÁPIDO QUE EU CONSIGO BEBER
Quando peço uma garrafa de vinho no restaurante, imediatamente, solicito ao garçom para deixar que me sirva. A mania de “eficiência”, de completar a taça quase a cada gole, é insuportável. Um hábito bem desagradável, porque desrespeita o timing de quem bebe. E mais, posso afirmar, sem ser leviana, que isso é uma orientação do dono que deseja aumentar  o consumo. O mesmo vale para água, cerveja, refrigerante.

DESCREVER POETICAMENTE OS PRATOS
Quem nunca leu cardápios cujas descrições dos pratos mais parecem pseudos poemas de Carlos Drumond de Andrade? “Salmão sobre ganache de ostra”, “Peixe com perfume”, “deitado em cama de legumes”. Gente, não dá. Isso não é charme. É pura breguice. Há restaurantes que ainda usam a tal descrição para tentar ludibriar o cliente sem ser fidedigno com o que será servido.

FALTA DE BOA MÚSICA AMBIENTE
Uma boa experiência gastronômica é uma soma de muitos fatores: comida (é óbvio), ambiente, atendimento, arquitetura e… boa música. Isso falta à grande maioria dos estabelecimentos de Brasília. Há três situações: ou o som está muito alto e você não consegue conversar, a não ser que você grite com seus companheiros de mesa; ou quando, só porque o restaurante serve comida de determinada nacionalidade, tocam só músicas típicas do local (por exemplo, restaurantes italianos em que resolvem colocar uma sequência infindável de tarantelas ao fundo); e, por último, a música não existe e o local perde a bossa de ter uma sonoridade que ajuda a pessoa a relaxar, a entrar em outro astral por conta da boa seleção musical.

ENFEITAR DE MANEIRA CAFONA OS PRATOS
Desculpe, meu prato não é obra de arte. É muito, mais muito cafona e desnecessário fazer desenhos ou “geometrismos” de redução de aceto balsâmico para decorar o prato. A não ser que ali haja algum propósito. O que se põe no prato é para comer. Não vou conseguir deglutir um ramo de alecrim enterrado no risoto, nem uma flor que não esteja devidamente harmonizada com o sabor do que é servido. Cozinheiros aspirantes a Picasso não dá.

O STAFF DESCONHECER O CARDÁPIO
“Peraí, senhora. Deixa ver o que é isso”. Poderia ser uma frase, mas, no fundo, é a falta de respeito a quem resolve sair de casa, paga por um serviço, mas não o tem. Nos Estados Unidos, é praxe pagar 20% de serviço para quem o atende. Aqui, paga-se 10% (que nem sempre vai para o garçom) e reza-se para que o atendente saiba a diferença entre agrião e rúcula. Cardápios devem ser testados com o staff. Só assim ele ou ela poderá não apenas anotar um pedido, mas orientar o cliente para a melhor escolha.

EXCESSO DE INTIMIDADE COM O CLIENTE
Sou uma pessoa educada. Mas confundir educação e bom atendimento com intimidade, aí não pode. Muitas casas não dão o devido treinamento para o funcionário ou não estabelece um padrão para o atendimento. Resultado: excesso de intimidade. Já passei por situações que só faltou o garçom puxar uma cadeira e perguntar sobre minha vida pessoal. Exageros à parte, o atendimento na medida é aquele atencioso sem ser bajulativo. Um sorriso, um bom dia e até uma pergunta são válidos. Passou dessa linha é risco e pode ser bem desagradável.

A DITADURA DO FILÉ MIGNON
Por que grande parte dos chefs não sabe oferecer outro corte de carne que não seja filé mignon? Sério, é desesperador, no mínimo. Os cortes do boi são tão diversos e saborosos. É preciso um pouco mais de preparo e cuidado para se servir um músculo? Sim. Mas o resultado pode ser um ragu suculento e gostoso que pode ser servido com uma polenta, massa ou arroz e quiçá virar um prato principal sem fazer feio para qualquer “parte nobre”. Falta ousadia para muitos. Falta visão para que o restaurante se diferencie dos outros.

A DESONESTIDADE DO COUVERT
Você chega ao restaurante e vem aquele sorrisinho simpático ou colocando uma cestinha de pães à mesa ou perguntando se você aceita couvert. E aí, aquele constrangimento: eu pedi? Qual o valor? É por pessoa? O couvert deve ser opcional e, no cardápio, deve estar descrito o que o compõe, seu preço e se é cobrado por pessoa ou por porção. Risco do meu caderninho aqueles estabelecimentos que chegam de maneira agressiva ou desonesta empurrando os acepipes goela abaixo.

SERVIR NESPRESSO
Uma refeição completa quase sempre termina no cafezinho. E tudo pode ir por água abaixo caso o café seja sem gosto ou te empurrem uma cápsula de Nespresso a R$ 7,50. Nada contra o Nespresso, inclusive tenho uma máquina em casa. O que me incomoda é o fato de que a máquina é um investimento barato, não exige a contratação de um barista. Mesmo assim, os estabelecimentos querem te fazer crer que se trata de um café excelente e, por ele, cobram valor superior ao dos espressos tirados nas melhores cafeterias da cidade.

Cortês sim; omissa, não.

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