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O papel das estrelas de cinema na Segunda Guerra Mundial

Além de trazerem distração para o público americano nas telas de cinema, estrelas como Bette Davis e Marlene Dietrich foram responsáveis por entreter os soldados em época de conflito

atualizado

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1 de 1 - Foto: Time Magazine

O início do século 20 foi marcado por muitas transformações e evoluções em nível global, muitas delas causadas pelas guerras mundiais. Apesar do envolvimento de vários países, em maioria europeus, os Estados Unidos ocuparam espaço decisivo nesse cenário. Especialmente após o ataque a Pearl Harbor pelos japoneses em 1941, fator que arrastou os americanos para a Segunda Grande Guerra.

Em tempos de uma popularização midiática e com os avanços do cinema, a resposta da população foi imediata. O papel de Hollywood e da publicidade nos esforços de guerra contou com nomes do porte de James Stewart, Tyrone Power, Douglas Fairbanks e Clark Gable — famosos que deixaram os sets de filmagem e partiram para o campo de batalha. O mesmo feito foi reproduzido por diretores famosos como John Ford, William Wyler, John Houston, Frank Capra e George Stevens, que com as câmeras em mãos, registraram todos os momentos de tensão vividos pelos soldados americanos.

 

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Alleta Sullivan, à esquerda, mãe de cinco filhos perdidos no naufrágio do USS Juneau, trabalha ao lado da atriz Marlene Dietrich na Hollywood Canteen em 9 de Fevereiro de 1944
Betty Hutton diverte os soldados
Betty Hutton diverte os soldados

 

Longe de toda a fragilidade imposta na época, e já acostumadas com a escassez ocorrida durante a Depressão dos anos 1930, o papel da mulher mudou significativamente nessa época. Mais do que nunca, elas deixavam de ser apenas esposas que aguardam cartas apaixonadas de seus maridos e passaram a trabalhar em fábricas, usinas e estaleiros para ajudar o país a arcar com os custos altos de uma guerra.

Seguindo o boom do patriotismo, a mão de obra da mulher passou a ser uma necessidade porque a maioria dos homens tinha se alistado. Se por um lado a guerra havia os levado para lugares distantes e deixado o país com uma série de restrições, por outro, ajudou as mulheres a redefinir seu lugar na sociedade e a experimentarem uma sensação de liberdade financeira. Vale lembrar que foi nessa época que a desconhecida modelo Norma Jeane Dougherty (e futura Marilyn Monroe) empacotava paraquedas em uma fábrica de guerra na Califórnia.

 

Rita Hayworth recomenda tirar o parachoque do carro e substituir por madeira. Racionamento necessário em época de guerra

 

Na produção de cinema, que avançava graças à busca do público por entretenimento e distração em tempos sombrios de guerra, isso não foi diferente. Tanto que em março de 1943, a Warner, um dos maiores estúdios da época, contava com o primeiro cinema nos Estados Unidos com um corpo de funcionários formado inteiramente por mulheres.

Enquanto isso, nas telas elas nadavam na contramão do status de celebridade. Estrelas de Hollywood como Bette Davis, Marlene Dietrich, Betty Hutton, Lucille Ball, Lauren Bacall e Judy Garland foram algumas que arregaçaram as mangas e utilizaram sua fama para “vender a guerra” ao público americano.

Bette Davis serve bolo para os oficiais do exército na Hollywood Canteen

 

A Hollywood Victory Caravan foi a primeira delas. Essa espécie de turnê que levava vários artistas pelo país, deu seu pontapé no dia 30 de abril de 1942 em Washington com a presença da primeira dama Eleanor Roosevelt e visitou 14 grandes cidade em um trem de dezessete vagões.

De Olivia de Havilland e Bob Hope à Betty Grable e Groucho Marx todos os artistas mostravam seus talentos fora das telas de cinema em uma plataforma que angariou mais de 800 milhões de dólares para as famílias dos homens mortos no além mar.

Era possível também comprar títulos de guerra (war bonds) que davam direito a um ingresso de cinema e ajudavam a cobrir os altos custos dos combates, no financiamento das armas e no sustento dos soldados. Além disso, a publicidade cinematográfica dos war bonds também era promovida através de filmes informativos como os protagonizados por Bette Davis e outras estrelas.

 

A Hollywood Bond Cavalcade viria em setembro de 1943 com cerca de 95 ídolos do cinema a bordo e nomes como Judy Garland, Mickey Rooney e Lucille Ball, agregando valor ao propósito da guerra e arrecadando cerca de 1 bilhão de dólares.

Cavalcade
Judy Garland aparece ao lado de Fred Astaire, Greer Garson, Mickey Rooney, e Lucille Ball na Hollywood Bond Cavalcade

 

Outra estratégia da época eram as cantinas que recepcionavam os soldados com música, comidas e a oportunidade de dançar com as estrelas mais desejadas do celuloide como Hedy Lamarr, Betty Grable, Marlene Dietrich, Joan Crawford e várias outras estrelas que, longe dos tratamentos vips, lavavam pratos e serviam mesas.

O que originariamente começou com a Stage Door Canteen de Nova York levou cidades como Boston, Newark, Filadélfia, Cleveland e San Francisco a criarem sua própria versão. No entanto, nenhuma faria mais sucesso do que a Hollywood Canteen criada em 1942 por Bette Davis e John Garfield para os oficiais que desembarcavam do Pacífico.

Maxene Andrews, uma das famosas Andrew Sisters que imortalizaram hits-chiclete na época, lembrou certa vez o propósito das cantinas. “Não estávamos ali apenas para fazer uma performance. Você dançava, cantava, mas servia mesas e providenciava um amigável ouvido para escutar o que eles tinham a dizer”.

Um filme homônimo lançado em 1944 conta, de forma encenada e romanceada, é claro, como funcionava a cantina de Hollywood que serviu mais de 3 milhões de homens do serviço antes de ser fechado oficialmente no Dia de Ação de Graças em 1945, coincidindo com a época em que a Alemanha assina sua rendição.

Carole Lombard fazendo campanha para a venda de títulos de guerra
Carole Lombard fazendo campanha para a venda de títulos de guerra

 

Além disso, as mesmas estrelas que traziam alegria aos soldados através dos filmes (diga-se de passagem bem antes do que o grande público por simpatia dos grandes estúdios) faziam serviço voluntário como enfermeiras ou visitavam os feridos nos hospitais. Carole Lombard, atriz e esposa de Clark Cable, acabou morrendo em um desastre de avião, em uma dessas campanhas.

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