metropoles.com

Mulheres à frente do próprio tempo. Listamos momentos vanguardistas de três mitos do cinema

Bette Davis, Marilyn Monroe e Olivia De Havilland tornaram-se atrizes legendárias por suas posições avant garde, dentro e fora das telas

atualizado

Compartilhar notícia

1298755_orig
1 de 1 1298755_orig - Foto: null

Em tempos de discussão e luta por igualdade é válido lembrar que a busca das mulheres por reconhecimento, equidade e justiça não é nada nova. Apesar de parecer que as estrelas de outrora disponibilizavam de todo o tipo de luxo e poder, fora das telas a realidade era outra e o machismo reinava imponente nos bastidores das histórias de sucesso.

Algumas delas não curvaram a cabeça e tomaram decisões que ajudaram a pavimentar o caminho para a mulher contemporânea.

Bette Davis

 

Na maioria dos filmes de Bette Davis é comum assistir a interpretação de uma mulher forte e independente. Em Fashions Of 1934, um de seus primeiros filmes na Warner Brothers, a atriz tomou uma decisão que mudaria sua carreira para sempre. Para o papel da estilista Lynn Mason, os produtores resolveram maquiar Bette com todo o glamour possível – tanto foi que a deixaram irreconhecível.

Deram a ela uma peruca platinada, cílios postiços e uma boca carnuda que simplesmente não combinava com o perfil que ela gostaria de passar nas telas. “Eu era a maior imitação de Greta Garbo que já inventaram. Uma loucura que eu jamais permiti que fizessem comigo novamente”, explicou a um documentário biográfico de 1983.

Parte da revolta de Bette era porque queriam transformá-la em algo que ela não era, fator determinante para que ela, dali em diante, se tornasse uma das atrizes mais talentosas do Século XX.

“É importante que você siga o seu próprio caminho e eu era uma atriz e não uma glamour girl. ”

Bette Davis

 

Marilyn Monroe

 

Apesar de ser considerada hoje uma das lendas do cinema, quando estava viva Marilyn não recebeu o crédito por suas atitudes transgressoras, que infelizmente foram ofuscadas por uma vida pessoal turbulenta.

Uma delas ocorreu quando fazia alguns bicos como modelo para se sustentar. Em 1949, ela havia sido liberada de seu contrato com a Columbia e estava sem dinheiro quando foi abordada pelo fotógrafo Tom Kelley, que a convidou para posar nua para um calendário. A princípio Marilyn recusou o convite, mas a necessidade fez com que ela posteriormente aceitasse a proposta de U$ 50, para pagar as despesas.

Tempos depois, em 1952, Marilyn já não era mais desconhecida. Suas fotos deitadas em um veludo vermelho vieram a público e, como qualquer afronta à “moral e os bons costumes” na década de 1950, chocaram o mundo. Na época, a 20th Century Fox detinha total controle sobre Marilyn e impôs que ela negasse tudo. Ao invés disso a atriz admitiu que ela era a garota do calendário.

Em uma entrevista de março de 1952 os repórteres, que esperavam uma atriz chorosa, se surpreenderam com a franqueza e honestidade de Marilyn.

“Naquele tempo eu estava devendo o aluguel há uma semana. Eu precisava do dinheiro. Além disso, eu não tenho vergonha porque não fiz nada de errado. ”

Marilyn Monroe

 

Olivia De Havilland

 

Para quem não está ligando o nome à pessoa, Olivia De Havilland, além de irmã de Joan Fontaine, ficou conhecida mundialmente depois de protagonizar Melanie Willkes, a “mocinha” de “E o Vento Levou”.

Apesar de grande parte de sua carreira ser dedicada a fazer garotas doces e ingênuas, Olivia também queria (e poderia sim, vide “Hush… Hush Sweet Charlotte”) oferecer uma atuação de qualidade com outros papéis. Mas a Warner Brothers, assim como outros estúdios, colocava seus astros e estrelas sob contratos muito restritivos. Eles não só rejeitaram os inúmeros pedidos da atriz como, em forma de punição, a suspenderam de trabalhos.

Resultado: Olivia entrou para a história ao processar e vencer a Warner Brothers, em 1944, criando a Decisão de Havilland, uma lei da Califórnia que impede a aplicação de um contrato de serviços exclusivos, contados a partir do início do serviço prestado, além do prazo de sete anos.

A decisão não só foi um ato de coragem de Olivia como fez com que o controle dos estúdios sobre os artistas fosse mitigado. Além disso, a lei deu liberdade criativa para que atores e atrizes tivessem participação mais ativa no processo de filmagem.

A única coisa que eu pensava era: se eu conseguir ganhar essa causa, outras atrizes não terão que sentir toda essa frustração.

Olivia De Havilland

Compartilhar notícia