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Brasil teria pagado propina para sediar Jogos Olímpicos Rio-2016

Empresa de brasileiro transferiu US$ 2 milhões para família de Lamine Diack, ex-integrante do Comitê Olímpico Internacional (COI)

atualizado

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Gabriel Heusi/Brasil2016.gov.br
Parque Olimpico
1 de 1 Parque Olimpico - Foto: Gabriel Heusi/Brasil2016.gov.br

O Ministério Público Financeiro da França encontrou indícios concretos de corrupção envolvendo a escolha do Rio de Janeiro para sediar os Jogos Olímpicos de 2016. Três dias antes do anúncio, em outubro de 2009, empresas do brasileiro Arthur Cesar de Menezes Soares Filho, que havia firmado contratos de prestação de serviços com o então governador fluminense Sérgio Cabral, transferiram US$ 2 milhões para a família de Lamine Diack, à época presidente da Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês) e integrante do Comitê Olímpico Internacional (COI).

Uma primeira transferência de recursos US$ 1,5 milhão ocorreu em 29 de setembro de 2009 entre a Matlock Capital Group, empresa de Arthur Soares com sede em Miami, nos Estados Unidos, e a Pamodzi Consulting, empresa de Papa Massata Diack, filho de Lamine Diack, então presidente da IAAF e membro do COI.

Outra transferência, de US$ 500 mil, também proveniente da mesma empresa, beneficiou uma conta de Papa Diack na Rússia. As informações fazem parte de uma ampla investigação realizada pelo MP Financeiro em Paris sobre suspeitas de corrupção na atribuição de Jogos Olímpicos.

Segundo informações reveladas pelo jornal francês Le Monde, Soares é um dos pivôs da apuração realizada sobre a atribuição dos Jogos para o Rio. O empresário é considerado grande amigo do ex-governador do Rio Sergio Cabral, preso pela Polícia Federal em meio à Operação Lava Jato em 17 de novembro e réu por corrupção, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro e pelo desvio de R$ 224 milhões em recursos públicos.

Durante as gestões do ex-governador do PMDB, o Grupo Facility, então principal companhia de Arthur Soares, chegou a ser o maior prestador de serviços privado do Rio de Janeiro, somando contratos da ordem R$ 3 bilhões.

Os documentos relativos às transferências entre as empresas de Arthur Soares e Papa Diack foram entregues ao MP Financeiro de Paris pela Justiça dos EUA. Papa Diack, que também foi consultor de marketing da IAAF, vive hoje no Senegal e não deixa o país por ser objeto de um mandado internacional de prisão da Interpol.

Seu pai, Lamine Diack, está em prisão domiciliar na França, denunciado por crimes de corrupção passiva e ativa e lavagem de dinheiro em outro escândalo envolvendo a IAAF: o de ter feito vistas grossas para o programa de doping massivo promovido pela federação de atletismo da Rússia.

Desdobramento
Essa investigação, levada a cabo pelo MP Financeiro francês, acabou gerando uma segunda sobre suspeitas de corrupção na atribuição dos Jogos Olímpicos de Tóquio, que acontecerão em 2020, e do Rio, em 2016. Na época em que foi selecionada, a cidade do Rio ficou em segundo no primeiro turno de votação, eliminando Chicago (EUA) e Tóquio (Japão), mas ficando atrás de Madri. No segundo turno, o Rio venceu por 66 votos a favor, contra 32 da capital espanhola.

À época, o então governador de Tóquio, Shintaro Ishihara, protestou contra a escolha levantando novas suspeitas de corrupção sobre o COI. “Eu ouvi dizer que o presidente brasileiro (Lula) veio fazer promessas ousadas aos representantes africanos”, afirmou Ishihara, que reclamou da “lógica invisível em obra pela atribuição dos Jogos Olímpicos”.

Enquanto os japoneses — que depois venceriam a disputa seguinte, pelos Jogos de 2020, também com suspeitas de corrupção — reclamavam, Lamine Diack aplaudiu com entusiasmo a escolha do Rio de Janeiro, elogiando os méritos da cidade. “Está correto que a Olimpíada mostre seu apelo universal indo para a América do Sul pela primeira vez”, afirmou então, entre abraços com as autoridades brasileiras.

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