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Nova peça de Alexandre Ribondi será encenada por jovens da Estrutural

Dirigida pelo dramaturgo, jornalista e escritor, “Felicidade” tenta dar visibilidade à exclusão social. Ainda em fase de montagem, ela reúne atores homossexuais da cidade brasiliense marginalizada pela pobreza e o maior lixão da capital, a Estrutural

atualizado

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Daniel Ferreira/Metrópoles
espetáculo fecilidade Alexandre Ribondi
1 de 1 espetáculo fecilidade Alexandre Ribondi - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Em novo projeto teatral, o dramaturgo, jornalista e escritor Alexandre Ribondi quer dar visibilidade aos jovens homossexuais da periferia e mostrar como eles resistem à exclusão social. A peça tem nome sugestivo: “Felicidade”. No palco, Ribondi reúne no palco nove atores que moram na Estrutural.

Desde o início de agosto, o grupo ocupa o espaço Ponto de Memória da Cidade durante as noites de segunda, quarta e sexta para construir e ensaiar o espetáculo. “Felicidade” é montada a partir da experiência de cada um dos atores. “Temos pessoas gays, lésbicas, trans, que são estudantes universitários, catadores no aterro da cidade, então é uma diversidade enorme”, avalia Ribondi. Segundo o diretor, a peça é um grito de resistência dessas pessoas.

“É um trabalho que abraça as pessoas que sofrem com a dupla exclusão de ser da periferia e homossexuais. A gente quer colocá-los em evidência sem vitimização, porque são muito fortes. Por isso, o nome é “Felicidade”. A felicidade é a principal resistência”

Alexandre Ribondi

O educador popular Walisson Lopes, 21 anos, é ator na montagem. Para ele, participar do projeto transforma a maneira de encarar o ambiente onde vive e o fato de ser homossexual. “Quando eu decidi compor a equipe foi muito difícil, por medo da reação da minha família e dos colegas de trabalho”, comenta.

Walisson conta que enfrentou resistência dos familiares. Eles não queriam que o rapaz participasse da peça. “Muitas pessoas não sabem que eu sou gay. Talvez seja um choque para elas. Eu estou muito feliz com isso, mas, ao mesmo tempo, apreensivo”, diz Walisson. O rapaz é um dos fundadores da Companhia Teatral Bisquetes, que há quatro anos trabalha com jovens LGBT da Estrutural.

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Segundo Wallison, outros colegas de espetáculo passam por situações semelhantes. Estar em contato com essas pessoas e expor o que vivem, para ele, é uma importante forma de aceitação pessoal.

“É muito difícil para a pessoa que mora aqui na Estrutural se assumir gay. As pessoas nos julgam demais. No Plano Piloto, eu percebo mais liberdade”, observa Wallison.

“Felicidade” está em fase de montagem e a composição dos personagens ainda não pode ser revelada. A previsão de estreia é para o início do mês de dezembro. De acordo com Ribondi, a peça será encenada tanto na Estrutural quanto no Plano Piloto. O projeto tem parceria com o Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos), uma ONG voltada à luta dos direitos humanos e que tem sua base em Brasília.

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