metropoles.com

Sequestradora de bebê do Hran planejou crime, diz Polícia Civil

De acordo com a DRS, Gesianna foi ao Hran na sexta (2) para fazer reconhecimento da área. Bebê foi levado numa bolsa

atualizado

Compartilhar notícia

Reprodução
Gesssiana3
1 de 1 Gesssiana3 - Foto: Reprodução

A estudante de enfermagem Gesianna de Oliveira Alencar, 25 anos, que roubou um recém-nascido no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), planejou o crime, segundo policiais da Divisão de Repressão a Sequestro (DRS). Simulando uma gravidez, ela enganou a família e chegou a ir à unidade de saúde na sexta-feira (2). Na terça (6), voltou. Entrou às 7h com o nome falso de Juliana e carregou a criança de apenas 13 dias de vida, por volta das 11h.

O Metrópoles revelou na noite desta terça-feira (6) que a sequestradora havia sido identificada. No entanto, a reportagem usou as iniciais do nome de Gesianna para preservar a integridade física do bebê. A mulher, segundo o delegado Paulo Renato Fayão, agiu sozinha.

Ele disse que não há quaisquer elementos que indiquem a participação do marido e de familiares no crime. “Pelo que foi apurado, ela conseguiu ludibriar todo mundo com essa situação de gravidez”, disse o investigador. Gesianna foi presa em casa nesta quarta (7), na QE 38 do Guará II. “Ela queria cuidar desse filho como se dela fosse”, ressaltou o delegado.

Gesianna, segundo o marido e os familiares, perdeu um bebê com três meses de gestação em 2015. E dizia que estava grávida novamente. Usava inclusive uma barriga falsa quando foi ao Hran. Segundo uma tia, ela fazia pré-natal, mas nunca apresentou exames.

A mulher dizia que estava grávida de um menino. No Hran, escolheu o recém-nascido que estava sozinho na sala 208 do segundo andar do hospital. A mãe, Sara Maria da Silva, 19 anos, havia deixado o local por uns minutos para participar do “Dia da Beleza”. Pediu para que uma colega de quarto tomasse conta do bebê.

Quem deu falta da criança foram os enfermeiros, por volta do meio-dia. A Polícia Militar e os vigilantes percorreram o hospital, mas nada encontraram. Ainda falta aos investigadores preencherem algumas peças do quebra-cabeça, como descobrir onde a mulher foi logo após sair do Hran com o bebê dentro da bolsa.

Estudante de enfermagem, Gesianna, segundo os investigadores,  não tem nenhuma relação com a rede pública de saúde. Os familiares colaboraram com a polícia e se mostraram surpresos com a atitude da mulher, que sempre saía para as consultas nos horários em que os parentes estavam trabalhando.

Em depoimento, o marido de Gesianna disse que, em algumas ocasiões, a mulher tentava evitar que ele tocasse sua barriga. E quando ele conseguia, tinha sempre uma cinta no abdômen da esposa, o que considerava normal, pois algumas grávidas usam o acessório.

A Polícia Civil não deu detalhes, mas garante que a suspeita do sequestro do bebê entrou no hospital mediante fraude. Diante disso, o delegado acredita que houve falha na segurança da unidade de saúde. Para piorar, as 28 câmeras do Hran não gravam imagens. Três testemunhas ajudaram a polícia a localizar a mulher.

Gesianna ficou em silêncio na DRS. Ela foi enquadrada no artigo 237 do Estatuto da Criança e do Adolescente, por subtração de incapaz, com dolo específico. Se condenada, pode pegar até seis anos de prisão. A mulher será levada ainda nesta quarta para a carceragem do Departamento de Polícia Especializada (DPE), ao lado do Parque da Cidade.

Caso Pedrinho
O caso registrado no Hran é parecido com o de Pedro Júnior Rosalino Braule Pinto, Pedrinho, que foi sequestrado em 1986 na maternidade do Hospital Santa Lúcia, na Asa Sul. Levado para Goiânia, ele viveu 16 anos como filho de Vilma Martins Costa, com o nome de Osvaldo Martins Borges.

Simulando uma gravidez, Vilma sequestrou a criança para forçar o então companheiro, também Osvaldo Martins Borges, a se casar com ela. Ela acabou conseguindo seu objetivo. Ao ver a mulher supostamente grávida, Osvaldo deixou a família e criou Pedrinho com Vilma como se fosse seu filho legítimo.

Em 2002, os pais biológicos, que moram em Brasília, encontraram o menino. Ele se mudou para Brasília, mas nunca perdeu contato com Vilma, que chegou a ser condenada e cumprir pena em regime fechado. O caso inspirou o sucesso televisivo Senhora do Destino.

Pedrinho virou advogado, casou-se, tem filho e mora na capital do país. Atualmente, compõe a banca de defesa do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG).

0

Compartilhar notícia