metropoles.com

GDF quer pagar Iprev com lotes sem liquidez

Só uma mudança de destinação agregaria valor aos quatro terrenos supostamente mais valiosos da lista dos 44 imóveis que o Executivo ofereceu para pagar a dívida com o Instituto de Previdência dos Servidores. O Clube de Golfe está entre eles

atualizado

Compartilhar notícia

Daniel Ferreira/Metrópoles
1 de 1 - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Os quatro terrenos supostamente mais valiosos da lista de 44 imóveis escolhidos pelo Palácio do Buriti para recompor o fundo do Instituto de Previdência dos Servidores do DF (Iprev) dificilmente terão liquidez após a doação do governo. Se o Iprev quiser vendê-los para recuperar sua reserva, que sofreu um baixa de R$ 1,2 bilhão, deve ter dificuldades, pois essas áreas têm uma série de limitações. As armadilhas estão nos memoriais descritivos de cada terreno, que determinam o potencial construtivo e as limitações impostas pelo projeto urbanístico.

O investidor que se interessar pelo Lote B do Trecho 13 do SHIN, por exemplo, terá dor de cabeça. Caso o Iprev queira vendê-lo e o comprador se disponha a pagar cerca de R$ 90 milhões — segundo estimativas do mercado — por uma área de 93.071m², ele só poderá construir em 50% do terreno, devido às limitações impostas para o local. Embora o projeto urbanístico daquele terreno permita estabelecimentos comerciais e institucionais, todos têm que ser voltados para o lazer público.

Por essa razão, a área, que fica no final da Península Norte, à beira do Lago Paranoá, tem pouco valor comercial, salvo se houver mudança de destinação. Se o GDF alega ter o propósito de democratizar o acesso à beira do espelho d’água, o correto seria transformar o lote, que já é destinado ao lazer público, em um parque.

Outro local problemático é o Lote 9 do Trecho 3 do Setor de Múltiplas Atividades Sul (SMAS). A área, de potencial construtivo de 46.772m², avaliada em R$ 60 milhões, só pode ser destinada ao uso educacional superior ou técnico-profissional. “Não seria possível construir um shopping ou hospital”, exemplifica um integrante do Buriti que pediu para não ter o nome divulgado. Ele acompanhou a elaboração do projeto de lei do GDF e presta consultoria para o Executivo local.

Em outros terrenos, o problema não se refere apenas à restrição de atividades: também abarca a falta de definição da área máxima que poderá ser construída. É o caso do Lote D do Trecho 4 do Setor de Habitações Individuais Norte (SHIN). O imóvel, de 13.200m², ainda não possui o limite construtivo definido, o que impedirá o futuro comprador de fazer obras sem antes debater a questão com os órgãos urbanísticos. É uma região supervalorizada, mas sem essa definição, não há como determinar o valor real de mercado.

O uso de ocupação para o Lote D prevê ainda que a área seja destinada apenas para “atividades esportivas, recreação e de uso institucional” voltado à população. Além de contrariar o interesse da comunidade, que perderia um espaço público, o comprador precisaria de autorização judicial para construir um estabelecimento de atividade econômica, como lojas ou escritórios comerciais, por exemplo.

Clube de Golfe
Situação semelhante ocorre com o Clube de Golfe (foto), no Setor de Clubes Esportivo Sul. A área — a maior entre os imóveis que o GDF passará ao Iprev — não poderá ter todo seu potencial explorado. Apenas 60% do terreno admite construções, o que equivale a 430.000m² do total de 730.392m² do clube, avaliado em R$ 500 milhões.

Embora pertença ao GDF, o local é administrado por uma associação civil, que tem a concessão do espaço por 30 anos, renováveis pelo mesmo período. A inclusão do terreno na lista gerou questionamentos na audiência pública em que a lista foi apresentada. “O terreno não valerá nada para o Iprev, pois é tombado e não poderão vender um centímetro”, disparou Sérgio Pimentel, conselheiro do Clube de Golfe.

Ou seja, dos quatro imóveis supostamente mais valiosos, hoje, apenas o da SMAS teria liquidez e valor comercial. Pobre do Iprev. Está caindo no conto do vigário.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?